Coisa de mim.

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Tenho uma coisa estranha que marca a minha maneira de ser e que influencia toda a minha vida. 

Uma péssima memória!
E de que forma isto é assim tão  forte no meu dia-a-dia?! 
É que me esqueço das coisas com uma rapidez surreal. Ou seja, não sou uma pessoa amargurada, traumatizada ou triste por falta de memória.
O meu marido diz que tem inveja, diz que tenho uma incrível propensão para a felicidade. Parece que estou sempre bem disposta… Não estou sempre, sempre, mas estou quase sempre. 
Na verdade não tenho motivos, nem (para ser sincera) tempo, para tristezas.
E aprendi a agradecer. A olhar para os dias como uma benção. Como coisa que chega como um presente e que deve ser aberto com um sorriso. Todos os dias.
Só a doença (e a morte) me tornam diferente.
Podia dizer que os filhos me fizeram assim. Mas não. Aumentaram ainda mais esta característica porque, então agora, é que me deixei de preocupar com coisas pequenas. E tristes. Ainda mais. 
E melhor… Ao mínimo abraço, sorriso ou facto de orgulho assolapado lá se apaga a tal infelicidade que tentava apoderar-se da pessoa errada.
Quando encontro pessoas com dilemas profundos {sem os realmente terem} e que pensam muito, que põem tudo em causa e que vivem a analisar, fico super curiosa para saber como vivem, como reagem, como se levantam das quedas. {também fico sem fôlego}
Logo percebo que me sai sempre um pensamento positivo para arrematar e lá se vão os dramas pessoais.
Eu sou do tipo ação/reação. Para trás fica o passado, para a frente logo se vê. E vivo assim. Um bocado (sempre) o aqui e agora. Ao sabor da maré. 
Mas nem tudo é bom.
Perco todas as discussões cá de casa por trapalhice de raciocínio. Esqueço-me dos motivos porque me chateei com este ou aquele {coisa para a qual também não tenho tempo ou jeito}. E peco por achar que todos são como eu e também estão sempre bem. – Já estou a trabalhar isto há anos –  Não é não querer saber, é achar que todos reagem como eu e isso não é bem assim. 
Também tenho dificuldade em planear (tipo marcar férias) porque não consigo olhar para o futuro. 
Mas é muito bom para não sofrer muito com a possibilidade ou a probabilidade de estar a ser boa ou má mãe.  Fiz e está feito. Foi o melhor que consegui na altura. Faço com amor. Peço desculpa e não fico a remoer a massacra-me com a possibilidade de ter sido horrível.
Ah! E também não tenho sonhos. Os sonhos podem estragar o presente porque nos distraem de viver o agora. Sem ser o de os ter para sempre, criar pessoas felizes e com saúde. (E outros objectivos, claro, mas não vivo a sonhar…)
A verdade é esta.
Não tenho tempo, nem cabeça, nem feitio, para viver amargurada. 
Tenho esta sorte de ter uma memória fraca e muito selectiva.  Que só guarda dias de sol, num país lindo, e caras com sorrisos cobertos a Corneto de chocolate. E que agradece por tê-los um dia mais na sua vida.

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