Guardei o preconceito e transformei-o em coragem.

Tempo de leitura: 2 minutos
Eu não sei se sou boa ou má a fotografar. Há fotógrafos que dizem que são ótimos e que eu não acho grande graça, e outros que supostamente são fracos e eu vejo qualquer coisa ali. Não há ser-se bom ou mau aqui [desde que venha focado, claro]. 
O que interessa – a meu ver – é quem está no outro lado, não eu. 
O que interessa é que alguém quis ser fotografado por mim porque gosta do estilo. Porque me escolheu. Lá porque razão seja. E se essa pessoa se identifica, o que é que interessa se sou boa ou se sou má?! Ela gosta porque algo lhe tocou no coração. Até pode ter sido só pela empatia. Ou pela qualidade. Ou pela conversa. Ou pelo hábito. Ou porque confia. O que interessam as razões?
Eu sou assim. Sou feliz com as minhas fragilidades. Sou feliz na minha descoberta e no meu crescimento. E depois olho para fotos como esta aqui em baixo e sorrio. [E é uma foto boa, ou não?]
Não sei se o ISO está perfeito, se haveria uma abertura ou exposição melhores. Mas para mim, este momento é a perfeição. Só isso me interessa. Para a mãe destas duas miúdas lindas também o foi.
Quando comecei a fotografar – foi por acaso para este blog, vocês sabem – nunca pensei fazer isto. Aconteceu. Não sou de planos, de objetivos, de resoluções, de estratégias, ou essas coisas que se fazem na despedida a todos os 31 de dezembro.
Aconteceu. Tirava aos meus filhos, vieram as amigas, as amigas das amigas, agora-só aquele-amigo-do -tio-primo-da-não-sei-quantas, e passei a viver metade do meu tempo com uma fita pendurada ao pescoço e mil imagens à frente dos olhos com vontade de eternizar e de melhorar.
Neste processo, tive muita gente a acreditar em mim e a dar-me força quando eu me sentia insegura. 
Houve outras que desapareceram, que disfarçaram, que acharam que não merecia estar na categoria de mais antigos, que falaram nas costas, ou que puseram em causa o meu talento [coisa que entendo quando revejo o início ;)] e o disseram a alta baixa voz a outras pessoas.
Não vou falar muito destas porque as que me foram importantes e as que quero agradecer é que hoje me deixam feliz e orgulhosa quando passeio pelas milhares de fotos que guardo, em discos rígidos, cheios de amor e momentos felizes, no coração.
Agradecer a quem regressa. A quem se tornou meu amigo e confidente. Um bocadinho família e que comigo partilha momentos tão intímos.
Eu entendo-me bem com os crescidos. Entendo-me ainda melhor com as crianças. Adoro mesmo passar tempo com elas. Acho que elas sentem isso – pelo menos é o que me dizem os pais quando consigo que se deixem apanhar. Quando não sou eu a quebrar o gelo é o Buddy, o assistente que cura medos de cães e que ajuda em tantas sessões.. E tem sido perfeito.
Um beijinho enorme a quem me dá todos dias força, alegria e estes bons momentos para guardar.
[E por terem paciência para esperar pela resposta aos emails].

11 thoughts on “Guardei o preconceito e transformei-o em coragem.

  • Todos começamos um dia. Uns, mais cedo, outros, mais tarde. Abraçou uma paixão, com humildade, e está disposta a aprender, a evoluir. Felizmente, cada vez mais deixamos o preconceito da idade, do "tempo certo" e alargamos os horiZontes a novas experiências. Nunca é tarde para começar. 🙂

    • O mundo vai mudar. As pessoas já não só só uma coisa, com a mesma profissão até ao fim da vida. E isso é ótimo!
      Obrigada! Um beijinho enorme

  • Rita nada acontece por acaso e quando a conheci para além de já ser fã do blog e das fotos, passei tb a ser fã da pessoa por trás, no sentido de que pessoas assim valem tão a pena conhecer! A felicidade está onde está o seu coração, e a sua humildade, amor e fé indicam-lhe o caminho certo. Há kem chame ouvir o coração, eu chamo-lhe outra coisa… Bjinho e continue;)

  • Eu também sou apaixonada por fotografia, mas descobri essa paixão quando estava a entrar na adolescência. Aprendi umas técnicas muito básicas com um professor no secundário que me ajudaram imenso a melhorar o meu talento e, para amadora, considero-me uma fotografa bastante razoável! O meu blog pessoal é um péssimo exemplo porque estou com alguns problemas com a máquina, e tenho andado a usar o telemóvel.
    Do meu ponto de vista, gosto do enquadramento da sua foto, e a abertura está boa porque deixou a claridade do dia "brilhar" sobre as roupas brancas, o que deu um ar lindo e angelical aos meninos. Resumindo: eu gostei, com toda a sinceridade.
    Não dê importância a essas pessoas que a criticaram. A mim acontece-me o mesmo. Mas ninguém consegue agradar a Gregos e a Troianos, certo?
    Porque não tirar um curso de fotografia? Infelizmente não disponho de recursos económicos que me permitem pôr em prática esta minha vontade, mas espero um dia o conseguir. Fica a sugestão!

  • Rita não me podia identificar mais com este post, com esta palavras.
    Não sei precisar mas quase que jurava que começamos ao mesmo tempo a fotografar amigos e amigos dos amigos.
    Da minha parte foi igual, comprei uma maquina básica, porque senti vontade de seguir esta paixao e desejo antigo. Nunca pensei que no dia que começa-se a fotografar as minhas filhas a vida desse esta volta tão boa.

    Acredito na intuição, acredito que nos temos que ouvir e seguir para onde nos aponta o coração.
    O olhar é o principal porque a tecnica qualquer pessoa decora e aprende! 😉

    Beijinhos e continuação desse trabalho cada vez melhor!

  • Não acho que perdesse algo por se inscrever num curso de fotografia do IPF ou semelhante. A Rita tem algo que não é fácil ter-se: estilo próprio. Isso é o que não se aprende. Por isso o resto acho que valia a pena investir. Eu vou gostando de ver, mesmo, ainda que mudasse muita coisa continuo a gostar de ver. Quanto a esta foto, há coisas que são o meu gosto pessoal, outras são técnica fotográfica, que mudaria. De minha parte vejo um balanço dos brancos que não é o melhor, vejo os pretos muito carregados e bem, uma curva de tons desenquadrada, uma certa sub-exposição pela edição, o enquadramento pedia os miúdos centrados e não um pé cortado quando há 30% de área sem motivo acima. Acho que está sobre-editada, mas isso são estilos.
    Acho que o desconforto que esta nova vaga do "somos todos fotógrafos" pode causar é legítimo para quem profissionalmente se formou em fotografia. Mesmo tendo em conta o facto de que é o cliente quem escolhe, acredito que seja difícil para quem investiu anos de formação não se sentir magoado (mesmo que, na prática, tudo seja justo). De resto, pelos "photography's" que há por Portugal vê-se de tudo: trabalhos maus de quem tem formação, trabalhos óptimos de quem é auto-didacta, trabalhos terríveis de quem cobra como um profissional porque tem muita procura mas pouca formação e trabalhos fantásticos de quem tem formação mas move-se nos meios errados, não tem amigos ou está no nicho ao lado. Mas não é tudo assim? Todos temos direito a arriscar. Eu de minha parte, tenho amigos que se lhes dessem chance fariam um papelão a representar, muito melhor de quem teve a sorte/tentou/conseguiu um lugar num casting. Quantas pessoas em Portugal se formaram em representação e nunca saíram do anonimato enquanto miúdos de agencias de modelos foram diretamente contratados e hoje são protagonistas de produções de horário nobre? E na escrita? Eu conheço quem dê 10 a zero a escritores best-seller deste nosso retângulo. Por isso…não é tudo um pouco assim? Sem dúvida 🙂 Parabens Rita pela boa pessoa que é…é que ser boa pessoa é que é outra história e não há cursos.

    • Acho que tem toda a razão, mas vou-lhe confessar uma coisa. Não me quero tornar profissional.
      Claro que quero aprender e melhorar, mas não quero que a técnica se sobreponha ao meu coração. Quero levar isto a brincar, como um hobby. Tenho medo que um dia a fotografia se torne profissão e eu deixe de ter prazer nela. [Para isso já me chega mesmo a minha profisão real].
      Não adoro seguir tantas regras que a fotografia tem. Deixo isso para os profissionais. Eu sou mais de estar com a família e apanhar um bom momento. Mesmo que desenquadrado.
      Obrigada pela crítica positiva. Mesmo. Um beijinho

    • parabéns ao anónimo por ter conseguido criticar construtivamente. aplausos.
      parabéns à Rita humilde e despretensiosa.
      em tempos também alguém me disse "ela devia era deixar-se estar com a escrita, que é o que ela faz bem" e eu achei aquilo tão feio… particularmente porque vinha de alguém que, precisamente como a Rita, se entusiasmou com o hobbie e que foi um autodidata primeiro. Talvez hoje já tenha tido formação, não sei. Mas quando me disse aquilo estava claramente esquecido de onde tinha vindo. Achei muito feio. Não respondi. Não respondi mais, quero eu dizer.
      beijinhos, Rita

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