Não sei porquê mas quando me assustam com a chegada de um terceiro filho acho que estão doidos. Mas mesmo.
Não que não saiba que dá trabalho… Ou despesa… Claro que vai dar {e muito}… [A coisa que me dá mais preguiça é pensar na sopa. Sei lá porquê… Tem de ser à parte, sem sal e por aqui consome-se muita!]
Mas quando penso nesta terceira bebé sinto-a principalmente como equilíbrio, como um desafio à minha essência.
Sempre fui dos pares. {Há pessoas dos pares e outras dos ímpares não é?!}
E é bom a vida dar cabo das minhas convenções.
Os primeiros nasceram em dias ímpares e esta também está prevista para um. Pensei só ter dois filhos porque me pareceu equilibrado. Uma rapariga e um rapaz como o pai e a mãe. Haveria duas ou quatro mãos para segurar esta família. Estava a esquadria feita.
Sou balança e preciso ou procuro sempre pratos em iguais medidas.
Sou balança e preciso ou procuro sempre pratos em iguais medidas.
Esta filha veio desmontar essas minhas manias. E acho que me vai fazer muito bem.
Por isso não estou com medo. Estou serena e ansiosa por conhecer este presente que me vem pôr à prova e ensinar que a vida pode, afinal, ser ainda muito mais surpreendente. Que não há números perfeitos, nem receitas, e que as expetativas servem quase sempre para nos travar e nos mandar dali para baixo de onde as criámos.
Mas sei que quero parar. Ainda mais. Quero apreciar e viver tudo como se fosse a primeira vez. Quero responder diariamente à frase: – Estou a viver a minha paixão?! Como se a vida fosse só e apenas um único número. Ímpar. Como se a minha família fosse reinventada.. Quero aceitar a vida como um raio de sol que fura tantas sombras. E mesmo quando elas o vencem ele aceita e não desaparece. Espera para voltar tão bonito e forte como antes. A vida é isto. O raio de sol vem e vai.
Quero ver como vão receber os manos esta oferta, e viver a experiência de uma relação de irmãos agora com idades muito mais afastadas. Porque eles crescem tão rápido e porque nós desperdiçamos tanto tempo com pequenos nadas. Quero poder ver como se reinventa a minha família para a chegada da Madalena.
Quero ver como vão receber os manos esta oferta, e viver a experiência de uma relação de irmãos agora com idades muito mais afastadas. Porque eles crescem tão rápido e porque nós desperdiçamos tanto tempo com pequenos nadas. Quero poder ver como se reinventa a minha família para a chegada da Madalena.
Quero pensar que os quadros na parede em que julgava a família completa vão ter de largar os pregos e deixar entrar outros, que não foram pensados, mas que são ainda mais bonitos.
Quero trazer alegria e confiança para a minha girl desejosa de aplicar o seu instinto maternal nesta bebé, que vi crescer nela nesta gravidez.
Quero trazer mais tranquilidade para o furacão do boy, sempre com as emoções à flor da pele (ainda que seja tão bom ver este miúdo puro e sem filtros).
Até quero ver como o cão se vai enroscar neste recém-nascido que lhe vai roubar festas, atenção, algum espaço e algum tempo de passeio. Quero ver essa moldura.
Até quero ver como o cão se vai enroscar neste recém-nascido que lhe vai roubar festas, atenção, algum espaço e algum tempo de passeio. Quero ver essa moldura.
Mas quero agora ver o quanto se mexe quando me atiro à noite para o sofá, como gosta que eu tome banho de imersão, como odeia que eu me deite de barriga para cima, como responde ao som dos manos e do pai quando chega a casa, e ao ladrar do Buddy aos cães vizinhos. O quanto gosta de música. Como age quando estou calma ou quando estou ansiosa. Como os meus filhos aprenderam a amar a minha barriga, lhe chamam mana e a incluem nos seus planos e nas suas contas.
Preciso de fechar portas, portas que me distraem, e começar a abrir janelas com brisas frescas e calmas.
Quero muito ver esta moldura. Mas quero agora sentir esta construção, prego a prego, madeira a madeira.
Estou tudo isto. Sinto tudo isto. Quero tudo isto. E no fundo não quero muito. Quero tempo. Quero paz. Quero amor. Quero saber que esperar ou desejar é sobretudo aceitar, sorrir e agradecer.
Só uma dica relativamente à sopa: se tiver bimby faça a base comum sem sal, e na varoma ponha legumes inteiros para a restante família. No fim passe a base e retire a parte para a bebe. Depois adicionar sal e os restantes legumes e mexer uns segundos. Não sei se era isto mas estou à espera de bebe agora é pensei fazer assim para simplificar.
Tão bom este blog! <3
Obrigada pela inspiração querida Rita. É mesmo não deixar que o supérfulo nos distraia.
Muita sorte!
Rita,
Comigo acontecia o mesmo… mas hoje o meu 3º bebé faz 2 anos e não podia ser mais feliz!!! E quando estamos assim tão felizes, nada é difícil, complicado ou impossível.
Aproveite o mais possivel 😉
Bjs e tudo de bom!
Guida
Sopa igual para toda a família, sem sal, que também não faz falta.
Por aqui faz-se assim.
idem!
os crescidos acrescentam sal de mesa a gosto e sementes de chia.
😉
Mega post! A Rita é realmente especial e diferente do que se lê por aí.
Beijinhos Joana
Estou grávida de um rapaz, acho que mais ou menos com o tempo da Rita. Vai ser o terceiro. Os outros dois nasceram em dias pares, em anos pares… e eu sempre fui uma pessoa de ímpares. E também não percebo muito bem quando acham que estamos "loucos" por ir ao terceiro. Aliás, o que mais estranho, é que quando sabem, perguntam se foi sem querer…
Mas face à sua reflexão, será que o meu equilíbrio só chegará ao quarto filho? 😉
Beijinho e tudo de bom
Juky
Não compreendo a preocupação das pessoas com um filho que não é delas, que não vão cuidar, ter gastos…fartinha desta mentalidade, não se aguenta!
Não são felizes e tentam deixar os outros tristes…
Continue a ser feliz para raiva dessas pessoas!
Muitas felicidades!!!
Bjs grandes
Olá Rita! Com o terceiro foi assim: sopa congelada em doses individuais para quinze dias e puré de fruta cozida com sumo de limão que dura uma semana. Dos três era o mais fácil, prático e rápido de alimentar.
Com toda essa felicidade e Amor a transbordar, vai ser a mais mimada (se é que isso é possível), vai comer melhor, vai ser ainda mais livre, vai ter ainda mais contacto com a natureza, comer sem açucar, comer biológico, brincar mais ainda ao ar livre, trepar a ainda mais arvores…quem vai ganhar ainda mais???? os manos mais velhos!
Sem palavras para expressar esta leitura. A vida é isto mesmo…quando achamos que temos o equilíbrio das coisas vem uma daquelas rabanadas de vento e dá um empurrãozinho para "mais vida".
Todos teus posts sobre a gravidez me fazem reflectir bastante. Contente por te ter encontrado!
Felicidades Rita!
Fátima
http://www.musicacomcafe.net
bonito texto Rita. também eu quero esse "parar". resta-me conseguir. estou a acompanhar-te e a inspirar-me! obrigada <3