Tenho-me esforçado para combater os tempos de hoje. Esta é a verdade.
Os meus filhos querem fast food, querem tablets, querem isto e aquilo. Querem o imediato e o descartável. Querem moderno e novinho em folha. Querem o que “os outros têm”. Querem fórmulas rápidas e efémeras.
Tento não ser fechada ao tempo deles, mas raciono, por géneros e estilos, os inputs que lhes dou. Troco por quase nada, mas que acho que é tanto. Um tronco, uma formiga a carregar uma migalha, uma folha encarnada que parece poesia.
O mais fácil é tirá-los de casa e enfiarmo-nos num qualquer jardim. Subirem às árvores e explorarem o maravilhoso que a natureza dá. Não são preciso pilhas, nem wireless, nem nada de especial. Recarregar baterias. Ficarmos por ali traz sempre algo de novo. Uma descoberta. Estou fã da conectividade do exterior, é de borla e nunca, mas nunca, é aborrecido.
Estou concentrada em formar slowkids nestes tempos rápidos. Não consigo sempre, mas quando consigo, reparo que são eles que não querem sair do jardim.
E aqui fica um texto que escrevi em jeito de desabafo. Está algo poético… 😉
Entrelaçarmo-nos entre ramos de paciência e silêncio, emaranhados nos ruídos de quem sabe esperar. Como o caminhar nas folhas estaladiças que nos marcam o passo do coração. Do verde que ainda é esperança e que, tantas vezes, se esbate nos nossos dias. Respirar. Deixar estar. Ficar. Crescer. Ouvir. Escutar. Experimentar.
Regressar a ela quantas vezes pudermos. Com tudo. Com todos e sempre. Não esquecer essa oferta gratuita dos Deuses da brincadeira, do interior, agentes da vida como quem toma as rédeas do seu caminho. Criadora da observação do mundo, da descoberta das partículas que fazem mexer a alma e a atenção da gente.
Este “multitasking” supervalorizado de uma sociedade hiperventilada, acelerada, consumista, stressada. O mundo voa, os estímulos fagulham, sujeitos passivos de um planeta que roda cada vez mais, impaciente, convulso, frenético. a ritmo alucinante, faíscando tecnologia e virtual. Diagnósticos hiperativos ou de atenção défice.
O ritmo das atividades, das ofertas, das compras, do resultar das pressas, do culto do melhor. O tempo onde a noite tropeça e não cai, onde os segundos desviam as retinas entre mil rotinas, pequenos momentos de nada, inconscientes, vazios, inativos, fantoches de um histerismo vazio.
Parar. Respirar. Senti-La.
Foto: para aqui
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