Ser mãe não é um drama.

Tempo de leitura: 2 minutos
Ser mãe não é um drama, não é de todo um drama.
O drama é deixarmo-nos levar pelo que os outros pensam, pelo que os outros definem para eles, pelo que está “certo” segundo outros olhos. O drama é não confiarmos em nós. O drama é não ouvirmos o nosso instinto, tentar agradar a outros, não aceitarmos a nossa intuição.
O drama é acharmos que a nossa família tem de ser perfeita, que os filhos não podem ter nódoas, não podem mexer na terra, comer areia, molhar-se. Que têm de estar sempre penteados e que lavaram os dentes durante dois minutos antes de irem para a cama. O drama é nós acharmos que podemos fazer dos nossos filhos cabides, príncipes e imaculados. O drama é acharmos que lhes faz mal sujarem-se.
Que têm de estar perfeitos, quietos, sempre obedientes, não fazerem birras. O drama é acharmos que temos de ser como os outros. Que não podemos ser diferentes e que essa diferença é má. O drama é pensarmos que os nossos filhos têm de ter o que os outros têm, vestir o que os outros vestem, comer o que outros comem. Que o colo faz mal, que os mimos deseducam.
O drama é acharmos que não podemos ter imperfeições.
O drama são as expectativas que se criam à volta da mulher, esquecendo que a vida muda, as prioridades se alteram e o tempo encurta. O drama é pensarmos que vamos estar sempre lindas, bem dispostas e que vamos ter uma vida de glamour. O drama é acharmos que existem as “mães de revista”. O drama é acharmos que somos super mulheres, que é fácil conciliar carreira e maternidade, que devemos ir a tudo. O drama é concluirmos que em casa dos outros não há drama.
Que o nosso corpo volta a ser o que era, que temos de estar impecáveis depois do parto, que há um peso ideal, que não podemos comer o que quisermos, que temos de ir ao ginásio 3 vezes por semana, que não nos vamos, eventualmente, sentir tristes alguma vez perante tamanha felicidade que são os filhos.
O drama é acharmos que a nossa casa vai estar sempre um brinco, que não vai haver loiça por arrumar, roupa para lavar, brinquedos no chão, paredes riscadas. Que vamos ter sempre tempo para os nossos amigos.
O drama é pensar que não vamos ter manhãs caóticas, fins do dia de loucos. Que é fácil enfiar tudo no carro, ir em viagem com a casa atrás, não dormir.
O drama é pensar que não há um grito, uma zanga, uma má fase, uma falha. O drama é pensarmos que não temos direito a dar um murro na mesa, bater a porta, estar em silêncio, tratar de nós.
O drama é darmos mais do que conseguimos e sentirmo-nos mal se falhamos.
O drama é achar que falhar é um drama.
Ser mãe não é um drama. É como é. É difícil, exigente, mas é também onde mais somos felizes.

6 thoughts on “Ser mãe não é um drama.

  • Não concordo com tanta coisa meu Deus! Tenho uma admiração enorme por si por conseguir viver pacificamente com algumas situações que a mim me fazem imensa confusão. Acho que as crianças não podem fazer tudo, acho que têm que ser contrariadas, que têm que saber esperar, que têm que saber brincar e não deixar tudo desarrumado, que têm que cumprimentar sempre quando chegam… São exemplos disparatados estes que dei, mas cada vez mais acho que lhes é permitido fazer tudo e depois não sabem lidar com as contrariedades da vida, com a negação, com a espera. Acho que temos que os educar a viver como parte integrante de uma sociedade, e não virados só para as suas vontades próprias. Têm que cooperar em casa, com os Pais, com os irmãos,na escola com os professores. Têm que saber que existe uma hierarquia e que para em algumas situações terem direitos também têm de os adquirir. Vejo um monte de selvagens todos os dias, pessoas sem valores nenhuns, que não dizem bom dia, que não respondem a um bom dia de outra pessoa, que não pedem desculpa se pisam alguém num metro, ou se lhe batem com a carteira. Eu peço sempre desculpa. Não respondem. Nem olham. Desculpe, acaba por não ter muito a ver com o seu post, mas eu infelizmente sou muito exigente em algumas coisas e vejo pais que não estão para se chatear com nada, eu sou demais outros serão de menos. Pelo que conheço da sua família, a Rita só quer que os seus Filhos possam ser crianças, livres, felizes e amadas e acho que consigo corre bem, mas há coisas que me fazem muita confusão. Usei o seu post para fazer um desabafo. Desculpe

    • Mas concordo inteiramente consigo. Este post não era sobre educação nem sobre resistir à frustração. Era sobre acreditarmos na nossa paternidade. Um beijinho

Responder a Joana Cancelar resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *