Os sapatos dos meus filhos têm em si tantas metáforas.
Das vezes que eu os chamo a atenção para lhes darem corda e que simboliza tanto da pressa e do stress de hoje em dia. Das vezes em que eu não os deixo escolher [os sapatos] e que lhes castro a autonomia, a independência. As vezes que ralho por darem cabo [dos sapatos] e que, na verdade, devia ficar feliz pelo uso que lhes deram nas brincadeiras, nas aventuras, no melhor que chega da infância.
Os sapatos dos meus filhos representam tanta coisa que podia escrever e relembrar sem parar.
Os primeiros sapatos, os primeiros passos, quando lhes ensinei o que era entrar com o pé direito, quando lhes expliquei que não se deve pisar ninguém e que nos devemos pôr nos sapatos dos outros. [E que pensei que tantas vezes também me devia pôr mais nos vossos.]
Que lhes falei de passos certos, seguros, e da importância de por vezes darmos um passo atrás. Que os avisei que muitas vezes iam ser passados à frente, mas que se se mantiverem firmes lá chegarão. E que podem sempre sonhar com um objetivo mas que devem ter os pés sempre bem assentes na terra.
Os sapatos dos meus filhos mostram-me também o quanto eles cresceram. O quanto ficou para trás. Ps sapatos dos meus filhos mostra-me o quanto tenho de os aproveitar, enquanto se aproximam cada vez mais do número dos meus sapatos.
Hoje fiquei a olhar para os sapatos do meu filho. Senti uma ternura enorme por eles. E por tudo o que percorremos juntos.
[Post não remunerado mas enamorado pelos Ecco quase reformados do meu filho.;)]
Olá Rita.
Gostei muito deste texto. E a quantidade de analogias que se podem fazer com os sapatos, os passos, os pés…
Um beijinho.
MB