Já vos tinha contado que hoje foi a entrega de prémios
do concurso Via Láctea
que andou pelas escolas do país a desafiar
jovens para uma mistura surpreendente.
Juntar arte e ciências ao leite
sabe ainda melhor do que com bolachinhas.
Foram mais de 200 participações
sendo que a mais concorrida
foi onde eu fui jurada.
A escrita!
– 3ª da última fila a contar da direita –
Nunca tinha tido uma participação tão preponderante
como tive neste passatempo
– esta sim porque isto, aquela estou na dúvida… –
e tudo o que eu possa dizer
acerca da organização… não é suficiente!
Mas vou enquadrá-los…
– A Fenalac,
Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite em Portugal,
foi quem me convidou.
Aceitei cheia de orgulho
e com a convicção que ía descobrir estrelas.
E foi assim que me vi com dezenas de trabalhos entre mãos
para analisar, pontuar e filtrar
e de onde saí de boca aberta.
As duas vencedoras (Sénior e Júnior)
dizem que não andaram a pesquisar quem eu era na net…
No entanto, estes textos, para além de MUITO bem escritos,
inteligentes e com tanto sumo (neste caso leite)
vieram que nem setas direitos ao meu coração.
E assim foi logo um
Had me at hello
com a amamentação
– e toda a entrega do acto –
e depois….
as bebés dos contos chamavam-se as duas,…
como?!…
Maria, «tá claro!!!»
Podem ler o texto da vencedora sénior aqui
que veio de propósito de autocarro do Algarve,
depois dum exame…
mas também ganhou com isto um curso em Madrid.
Top!
Da júnior não encontrei online e, por isso, deixo em baixo.
Mas oiçam-me esta história em relação a esta rapariga de 17 anos.
Chega a Luísa Castel-Branco
– engraçadíssima, igual a si própria –
com ar de quem viu fantasma…
Estava convencidíssima que esta miúda
tinha sido mãe muito novinha
porque o texto, tão convincente, só podia ser de alguém
que tenha experienciado a maternidade.
Vai daí, preocupada que a Fenalac
estivesse a premiar a gravidez na adolescência
vai falar com a miúda,
mega discurso,
com a rapariga sempre a acenar a cabeça
e eu a ver o que aquilo ia dar…
No final, quando lhe disse gentilmente que talvez fosse melhor não falar da »Maria»
… gargalhada geral (minha, da Luísa e da miúda)
quando a rapariga com um ar cândido diz:
– Mas era só ficção!!
Isto para verem a qualidade dos trabalhos
que passaram pelas nossas mãos.
Obrigada Fenalac
foi uma experiência do espaço
e esta vossa
«Via de talento»
foi uma verdadeira autoestrada.
Agora preparem-se para ficarem de boca aberta!
( e não imaginam quantos bons trabalhos tivemos de deixar de fora…)
«O teu som esperançoso ecoou na sala, perfurou-me como a vida nos teus virgens
pulmões. Aquele chorar que escutava depois de ter sido sedada e quase inconsciente,
como se emergisse de águas profundas, fez-me sentir o maior amor que alguém pode
imaginar. Estava na sala de partos há exactamente oito horas e vinte e três minutos. Não
aguentava mais as dores, aquela vontade de te expelir estava a apoderar-se de mim.
Pedi alívio, e tu, como se me pudesses ouvir, deste-mo.
Já te amava desde o momento em que te senti em mim, desde o momento que sonhei
que descia sobre o meu corpo e tu vinhas, protegida, envolvida por mim, com os teus
cabelos loiros e os teus olhos azuis.
Amei-te ainda mais quando num gesto de plena caridade me aliviaste as dores ao som do
meu apelo ao decidires finalmente nascer às catorze e quinze daquela tarde preenchida
pelos cheiros e cores outonais. Oh, como eu te amei.
E tu também estavas lá Pedro, nunca deixei de sentir o teu aperto, tão forte, tão
masculino, tão próximo de mim, era a nossa filha, a nossa filha meu amor que nascia, a
nossa Maria. Lembro-me também da música que embalava o próprio ar, “Girls – Love Like a River”, a
música que faz o teu pai arrancar-me do que quer que eu esteja a fazer e rodopiar-me
pelo chão, acho que a música o tocou mais a ele, enquanto as dores a mim, a ele a
música. Oh Maria, estás tão bonita Maria.
Deste-me memórias que estão entravadas no meu ser, segurar-te ao colo, aquele teu
cheiro tão particular, tão meu, tão leve, tão belo, minha Maria de olhos azuis e cabelo
loiro. Quando eras pequena embalava-te nos meus braços, sabias? Só para te ver adormecer e
depois ficar horas a olhar para ti, para a tua perfeição, para ti Maria.
Para ti minha Maria. Mas sabes o que me lembro mais minha filha?
Quando tu nasceste, depois das dores
cortantes, depois das águas profundas, depois da sedação e depois da inconsciência? O
teu docíssimo choro, pedindo comida, pedindo calorP A tua cara Maria, era tão
harmoniosaP Tenho a confessar que não percebi que pedias leite, aquele choro era novo
para mim, aliás, tu eras nova para mim, mas agora que penso, continuas nova para
mim. A enfermeira é que me disse:
– Ela quer mamar.
Eu respondi um surpreso “Oh”, e dei-te o que pensei quereres aquela sensação, oh
Maria, aquela ligação entre nós, tudo novo, tudo tão forte, a nossa ligação mãe e filha
começou ali, naquele ato. Amei-te sempre que me pediste de mamar, amei-te pelo
sentimento que produzia em mim aquela tua dependência perante mim, a ideia de não me
poderes abandonar. Amei-te, amei-te tanto e continuo a amar, e tanto, tanto, tanto. A ti,
ao Pedro, à nossa família.»
Milk, stars and a lot more fun
Tempo de leitura: 4 minutos
Lindo!!!
Adorei o texto!
Muito comovente, parece impossível ter sido escrito por quem não é mãe…
Tanta emoção contida nestas palavras! Muito bonito.
Olá Rita. Obrigada pela divulgação da notícia, agradeço imenso os elogios. Encontrei este blog por pura coincidência quando procurava por notícias da divulgação dos resultados do concurso. Muito obrigada por tudo, foi uma experiência maravilhosa.