A respeito desta crónica

Tempo de leitura: 2 minutos

que li aqui e sem querer fazer muito mais barulho à volta dela
– cansadinha dos crucifixos à Jonet, ao da saúde, à Pepa
e a todos os que exprimem uma opinião – percebo o que li.
A comparação podia ser feita por uma das geracões mais velhas que,
a bem ou a mal, conseguiam MESMO ler um jornal até ao fim.
Muitos que conheço confundem liberdade com desrespeito
e a linha entre as duas é mesmo ténue, praticamente invisível,
mas possível!
É verdade!
Hoje nem as gordas das capas das revistas de fofocas conseguimos focar.
Mas a sério, nós sabemos disso e está tudo maravilhoso!
Queixamo-nos e estamos sempre a querer um “tempo para nós”
mas se o temos, sentimos saudades deles.
Não gostamos de os “despachar”
e irem dormir a casa dos avós é quando precisamos MESMO!
Até porque os avós trabalham ou moram longe,
as babysitters vão para lá do orçamento familiar
e a confiança também já não é o que era.
Também não temos tempo para fazer depilação,
ginástica e banhos de imersão, mas tudo ok!
Levamos os filhos ao supermercado, ao café,
eles podem dizer que não gostam, não comem duas vezes,
entram na sala, nas conversas, têm opinião, uma voz
e são vistos como indivíduos e pessoas únicas!
Em caso de urgência até nos acompanham a consultas, à manicure
e a jantares em casa dos amigos…
E continua tudo espetacular.
Daqui até nos atirarem um ferro de engomar à cabeça
vai um mundo!
Os pais têm um papel diferente hoje.
São, normalmente, os únicos encarregados de educação,
longe de ajudas, com filhos na creche,
sentimentos de culpa, horários, competição, insegurança,
 precariedade, sacrifício
(soa a política mas esta é a realidade da MAIORIA das famílias jovens
– ou quase jovens – Portuguesas.
Vivemos a compensar, a tentar ir a todas, sem sabermos o dia de amanhã.
Tentamos arranjar formas de sermos menos cobardes
 e não batermos aos filhos por tudo e por nada,
tentamos falar, conversar, negociar… (Estamos doidos?!)
Os nossos filhos correm, gritam, berram, atiram-se para o chão.
Deitam a língua de fora, batem com o pé, põem os cotovelos na mesa,
comem de boca aberta TAL E QUAL como antes…
Só que agora não têm medo, não congelam perante um olhar.
Fazem tuuuudo igual ao que sempre se fez, mas À NOSSA FRENTE!
E não ter medo, não é bom?!
Se a criança tem agora um papel sobrevalorizado na sociedade!? Tem!
E então?! Estará errado?!
Isto não é má educação, é simplesmente OUTRA educação!
Toda a vida ouvi a geração de cima dizer mal da de baixo.
A “rasca”, a “à rasca”, a “rasquíssima”…
Até chegarmos ao mais superlativo do rasca,
– que será qualquer coisa como
“super-à-rasca-que-é-rasca-e-mais-que-rasca” –
esta é uma tradição à moda Portuguesa.
No final a questão que se põe é:
Estaremos a conceber pequenos Hitlers?!
Ora que não sabemos!!! E então?!
E também não sabemos se a mãe do senhor acima conseguia ler o jornal
ou se lhe deu com um?!
Que pai sabe o que está MESMO certo?!
Quem se deita à noite com o sentimento de perfeição e plenitude
 de que os seus ensinamentos brilham de tão polidos?!
Os pais nao são perfeitos, assim como a vida é perfeita… So whaaatttt?
Se o céu não fosse preto não se viam as estrelas.
Quem vai traumatizar mais ou menos
– porque traumas com os pais há SEMPRE – (olhaaaaa) não sabemos.
E vá! Atirem-nos pedras!

29 thoughts on “A respeito desta crónica

  • É isso mesmo……Não são precisas mais palavras!!! E depois de ler o que aquele senhor escreveu pensei logo….se fala assim não tem filhos….eu tenho três, a mesma educação e os 3 tão diferentes…..há pessoas que deviam estar caladinhas antes de dizerem disparates. Bjs

  • Assino literalmente por baixo. Sou mãe de 2 gémeos! Sou portuguesa mas vivo ha 7 anos fora do país! Estou sozinha e há dias muito complicados. Perfeita não sou, nem sou uma super mãe, mas tento que eles sejam felizes e que acima de tudo respeitem as gerações mais velhas, começando por mim.
    Boa, Rita!
    Beijinhos

  • Assino literalmente por baixo. Sou mãe de 2 gémeos! Sou portuguesa mas vivo ha 7 anos fora do país! Estou sozinha e há dias muito complicados. Perfeita não sou, nem sou uma super mãe, mas tento que eles sejam felizes e que acima de tudo respeitem as gerações mais velhas, começando por mim.
    Boa, Rita!
    Beijinhos

    • Obrigada! já fui ler. como educadora de infância e mãe de três (6, 4 e 3 anos), sei bem o que é uma criança hiperactiva e uma criança mal-educada. Quantas mães vejo na escola (infantário privado, estratos sociais médio-altos) a se queixarem que o menino de 4 anos é um terrorzinho, que não podem sair com a criança, que só faz o que quer. Há dias tivemos uma criança de 5 anos a chegar de pijama porque "quis, e eu não consegui tirar", disse a mãe. 5 anos??! E uma palavra mais assertiva? Uma tomada de posição, a mostrar quem é o adulto? Uma simples chamada de atenção do certo e do errado. Enfim, acho que os pais por vezes querem a saída mais fácil: "ele é muito mexido, dê lá umas pastilhinhas para dormir e acalmar!".
      Acho que há uma geração de pais que, em vez de se comportarem como tal, querem ser os melhores amigos dos filhos, assim os pais fixolas. É para andar no carro sem cinto? Fixe! Faz birra no super? Compra-se dois carros e uma mota, olha que pai tão fixe!
      E depois?…

  • Gostei muito do seu texto ! ser mãe nem sempre é fácil, mas só quem não tem filhos não percebe, fazemos todos os dias o melhor que podemos e sabemos sem ser perfeitas mas a tentar que eles sejam felizes..beijos

  • Cronica tonta por ser tão superficial. O Sr. deve viver num lugar muito especial para estar rodeado de tantos casos de crianças mal educadas. Tenho duas, conheço muitas e não me revejo nem pouco mais ou menos naquelas palavras. Ou não tem filhos ou se os tem, por aqueles comentários, fico com pena delas. São ou serão ser educadas a base de pancada. Grande pedagogia.

  • Olá Rita,
    Eu nao consigo ver o link da crónica 🙁
    Mas pelo que escreveu consigo perceber do que se trata, por isso concordo com tudo o que escreveu.
    É tramado educar, mas acho que todos fazemos o nosso melhor. Quando os nossos filhos chegam a adolescência ainda é mais difícil algumas das nossas decisões , mas mesmo assim, ainda acho que é melhor que conseguimos fazer.
    Nao digo, de todo, que vou para a cama todos os dias com a sensação que fiz o melhor, mas acho que o difícil de educar está aí .
    Beijinhos e muitos parabens pelo texto
    Isabel Ferreira do Amaral

  • F-A-N-T-Á-S-T-I-C-O!!!!
    Espero sinceramente que as suas palavras "voem".
    Já incomoda de tanta crítica…os tempos mudaram, get over it!
    Há comparações que simplesmente não podem (nem devem) ser feitas (este Sr. NÃO TEM filhos, só pode!!!!).

    Bjinhos

  • Rita, mais uma vez parabéns pela escrita. Acho que está um texto fantástico, onde me revejo e onde revejo a sociedade de hoje.

    Quanto à crónica do Expresso, no meu entender não faz qualquer sentido, mas constato, cada vez mais, que é o pensar de muitos. Não é positivo, mas é o que temos.

    Valem-nos os muitos Pais e Mães que querem ser sempre melhores, todos os dias. E que dão EDUCAÇÃO mas também muito AMOR.

    Beijinhos

    Catarina

  • Nem tanto ao mar nem tanto à terra…
    Eu percebo o que o jornalista quer transmitir quando fala de determinadas situações. Por exemplo: quem nunca esteve num café e observou crianças que estão literalmente aos berros para chamar a atenção dos pais que os estão a ignorar completamente, pois a conversa que estão a ter com os amigos é muito mais "importante". Mais importante do que chamar a atenção da criança para o facto de que está a incomodar as outras pessoas. Seria uma boa oportunidade para se dar uma lição de civismo.
    Muitas vezes estas crianças só querem um pouco de atenção, um pouco de conversa e passa-lhes. Mas não, muito pais ignoram as gritarias e as travessuras que as crianças fazem (ja vi de tudo, derrubar os caixotes de lixo das esplanadas, atirar chavenas e copos doutras mesas vazias para chão, etc). E eu agora pergunto: uma pessoa que vai descansada beber um café tem que aturar a falta de educação dos pais (sim porque estas crianças só estão a reagir)?!? Quem vai beber um café tem culpa que muitos pais não tenham avós, ou outras soluções, para deixar os filhos para terem uma "folga"?
    Note-se: relembro que estou a falar dos pais que ignoram os filhos, não os que coitados até tentam perceber a birra e o comportamento do filho.
    As crianças têm que ser educadas. Dá trabalho? Dá. Muuiiiitttooo. Mas também faz parte de se ter um filho. Não é tudo cor-de-rosa. E não se querer ter "trabalho" para educar um filho e desculpar-se com hiperactividade ou outros síndromes… Isso é muito feio…

  • A hiperactividade generalizou-se e hoje confunde-se muito com a falta de educação, mas confunde-se ainda mais com a necessidade de atenção e afecto que muitas das nossas crianças têm hoje! Vítimas da falta de tempo dos mais, e algumas do "não querer saber" dos pais, as crianças hoje sentem-se mal amadas e demonstram-no onde podem, sempre que podem. Os adultos têm o dever de tentar compreender e não sacudir essa responsabilidade sempre para os pais!

    No outro dia repreendia o meu filho de 2 anos e meio através da conversa, quando a avó me disse: "Mas é assim que resolves as birras! No meu tempo…"
    Felizmente os tempos são outros, a palmada de quando em vez também surge, mas a palavra tem tido melhores resultados!

    Bjs Rita

  • Ai eu…tudo verdade…tantas questões por responder, tantos medos…para certos pais tudo é mais fácil…pode ser relacionado com a educação antiga ou nova?? mas não!!Cheguei à conclusão que existem crianças e crianças…umas mais fáceis que as outras, umas mais inteligentes que outras, umas mais reguilas que outras e assim será sempre, mas será que agora só há reguilas?? Não sei…Prefiro chamar os meu filhos de reguilas do que mal educados…sempre tive educação…digo sempre ao meu filho o que fazer..repreendoo, bato e até um olhar já os demove…mas há alturas que eles são como são …Crianças..e é tão bom ser criança!!

  • Muito bonito 🙂
    Concordo com o que diz, se bem que por vezes os pais esquecem um pouco que o educador são eles, eles são os "crescidos" e, que bem ou mal, são eles que sabem o que é melhor para o seu filho. Custa-me ouvir um pai de uma criança menor de 2 anos (por exemplo) dizer "Aí que não dou conta dele, não consigo cortar-lhe as unhas, comigo não toma o xarope,não consigo que ponha o cinto da cadeira no automóvel, etc, etc Se não "damos conta" deles com essa idade como será daqui a uns anos quando realmente eles nos dão trabalho ou melhor, outro tipo de trabalhos? Lido diariamente com "n" famílias, pais, mães e filhos e vejo de tudo um pouco, mas uma coisas é certa, não há receitas, como a Rita diz e bem "Isto não é má educação, é simplesmente OUTRA educação!"
    Parabéns pelo seu testemunho, gostei muito 🙂
    Beijinhos

  • Vim aqui ter através do Mum's the boss23, e tal como escrevi lá, o meu afilhado está "etiquetado" como hiperactivo… e até o poderá ser, lá no fundo, porque antes da hiperactividade, tem muita necessidade de atenção… o que poucas vezes tem… E sim, é Outra educação…

    Beijinho!

    Vou espreitar mais!

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