crónicas aqui e gostava tanto!!
Porque perdi o rumo aos textos
– ainda ando em busca nas pastas do computador –
vou recordá-los aqui de tempos a tempos.
Esta foi a primeira.
MISS MY BELLY
“Nunca pensei já estar a dizer isto, mas a verdade é que tenho.
Mesmo. Muitas saudades.
Começa por ser só aquela sensação de borboletas na barriga que, digamos,
nesta altura ainda não é nem carne nem peixe.
Temos de ficar muito sossegadas, em silêncio e com muita concentração.
E aí, sim… lá vêm aquelas coceguinhas tímidas que
nos provocam um riso nervoso, num misto de felicidade e pânico.
E é aqui que, para nós, se dá início a nova realidade.
As calças começam a apertar cada vez com mais dificuldade.
Sentimo-nos maiores, muito maiores. Até podemos ouvir algumas bocas
para termos cuidado com a linha. Isto se não houver outras provas,
como enjoos e cuidados alimentares, que pode até ninguém reparar
que temos, em nós, um bebé.
É nosso e está a crescer cá dentro.
E que ninguém lhe chame gases, que isso nos tira do sério.
(Apesar de que às vezes são mesmo…)
E depois queremos que toda a gente o sinta.
Armamos o escândalo, chamamos com urgência quem está mais perto de nós.
E quando essa pessoa pousa a mão na nossa barriga…. NADA! Um vazio total.
«- Juro, juro, que ele estava a mexer agora!»
Até aquelas grávidas que odeiam estar, acabam por recordar
nem que seja um momento daqueles, vivido a dois.
Há muitas sensações dispensáveis, é verdade.
Enjoos, azia, peso, calor, pontadas, retenção de líquidos,
celulite, estrias, dores, contrações, ciática, descolamentos de placenta
e um sem fim de possíveis contratempos.
A gravidez pode ser um peso grande demais para o nosso corpo
e organismo suportarem durante os 9 meses,
mas haverá maravilha maior que o sentirmos mexer?!
O nosso bebé (porque para nós é sempre o nosso bebé)
passa de um risquinho no teste, para embrião, depois para feto e vai,
lentamente, ultrapassando todas as etapas.
Ganha peso e tamanho, ganha membros, órgãos e funções,
ganha ritmos e rotinas, ganha o nosso amor.
Ganhamos prioridades, tanto nas filas como na vida…
E quanto mais tempo passa, melhor nos vamos conhecendo.
Passamos a não nos sentimos nunca sozinhas, por mais estranho que isso
pareça a quem está (literalmente) de fora.
Somos dois em um, unidos por um cordão de amor.
Até àquela altura, em que chegamos a casa
depois de um dia de trabalho e já enormes (os dois),
nos sentamos, ansiosamente, no sofá preparadas
para mais uma grande aventura.
Esticamos as pernas, descansamos os tornozelos, relaxamos e aguardamos.
Entregamo-nos de corpo e alma àqueles instantes privados e preciosos.
Começamos por não perceber muito bem o que está a mexer.
É a mão?! É o cotovelo?! Mais tarde identificamos, de olhos fechados,
com que parte do corpo o nosso filho nos saúda.
Tornamos essa prática num hábito e até num vício.
Sabemos quantas vezes se mexe, quando se mexe e porque se mexe.
E quando não se mexe, é motivo suficiente para nos levar, quase sempre desnecessariamente,
a ligar ao obstetra e muitas vezes até mesmo ao hospital.
Depois aprendemos alguns truques, graças às ecografias,
como um rebuçado ou um chocolatinho… para adoçar os movimentos do nosso bebé
e acalmar o nosso espírito.
E mais extraordinário ainda é conseguirmos antecipar que ele se vai mexer!
«- É agora!
– Como sabes?
– Não sei. Simplesmente sei!»
Começamos por descobrir que depois da nossa agitação, vem a dele.
Que sente se estamos nervosas, excitadas, felizes ou tristes.
Que acompanha o nosso estado, certo que muitas vezes com delay, mas acompanha.
Se paramos ele mexe, se nos mexemos, ele pára.
Descobrimos que gosta de música e que até já tem alguns pratos preferidos.
E que ouve a nossa voz. E a do pai. E que o conseguimos acalmar.
Sentimos mesmo que, às vezes, ele parece tentar tocar nas nossas mãos…. e no nosso coração.
Damos festas e mais festas impossíveis de contabilizar.
Aliás uma grávida sem a mão na barriga, não é uma grávida.
Quase no fim é incómodo.
O espaço é pouco e o bebé já se sente nos sítios mais estranhos
como nas costelas, bexiga e, diria até, no esófago.
Espreguiçam-se, mudam de posição e entram numa luta contra os nossos órgãos
por mais um pedaço de território.
Às vezes colocam-se só num lado, outras espalham-se por todo o lado.
Também há os soluços que dão uma enorme vontade de rir
e a parte chata de fazermos xixi de 5 em 5 segundos.
E quase sempre tanto trabalho por um pingo.
Tira-nos a respiração, a posição e as noites bem dormidas.
Até que, depois da gravidez, já sozinhas, e ao mínimo movimento
no nosso estômago, lembramo-nos daqueles tempos
e, – algumas – saudosas da parte boa, concluímos:
Podíamos ter ficado só assim… Um do outro para sempre!”
Rita Ferro Alvim
…linda 🙂
…linda 🙂
Amei, Parabens pelo excelente texto!!! Fez-me recordar cada minutinho da minha gravidez, que saudades de sentir o meu Afonso na minha barriguinha!!!! 🙂
obrigado Rita.
estar grávida é tudo isso.
é a mais bonita magia.
é andar… um palmo acima do chão.
parabéns !
texto lindo.
Que texto tão lindo!!! Adorei!!!!
Rita até me arrepiei;) é tudo isso… O talento da escrita é realmente grandioso;)
Beijinhos
Adoreiii! Está tudo tão certo! Tão "é mesmo assim" 🙂
Por muitas palavras que escreva jamais conseguirei dizer aquilo que me fez sentir neste momento…é como se tivesse a viver tudo de novo, como se sentisse o bater do seu coraçãozinho dentro de mim novamente. Obrigada querida Rita por me ter proporcionado um momento tão especial.
Beijinhos grandes
Que texto encantador Rita!!! Assino por baixo de cada palavrinha*;)
Em maio nasce o meu príncipe… até lá, vou saboreando estes momentos de partilha e cumplicidade, que descreves lindamente, com o maior sorriso nos lábios.:D
Parabéns pelo blog e pelo livro!
Beijinhos
http://coxim-interiordesign.blogspot.pt/
Olá Rita,
O se texto está delicioso!
Estou com 27 semanas de gravidez e revi-me em cada palavra, em cada frase que escreveu…
Ainda sorriu de lágrima no cantinho do olho enquanto ela se mexe…
Vou guardar este texto com carinho.
Grande bjinho e até dia 17 onde vou finalmente ter o seu livro 😉
Mafalda
Olá
Estou de 37 semanas e 5 dias….e acho que é impossível descrever melhor tudo o que tenho sentido nos últimos meses…simplesmente MARAVILHOSO.
Parabéns
Bjs
Bela