Da minha adolescência.

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Tive uma infância e adolescência para lá de feliz.

Brinquei, ri muito, diverti-me mais, fiz imensos amigos, guardei uma (vá lá, duas) mãos cheias deles, namorei, saí à noite, atirei-me do paredão para o mar do Monte Estoril – para nós praia da Rata – em maré cheia, fui livre. 
Andava pela rua sem medos, mesmo de noite, e cumpri – quase sempre – horas. 
Por aqui começava-se a sair cedo porque éramos controlados (às vezes pouco) pelos nossos e pelos pais do grupo onde constantemente andávamos. Era difícil entrar alguém novo, ou sair. Só um apêndice de alguém, que podia ser adoptado eternamente ou durar 2 minutos. E, por isso, alguém estava de olho em nós. (Achavam eles.) Mesmo assim perdi alguns amigos e conhecidos para sempre pelas estupidezes do tempo.
Só descobri a palavra pedofilia quando já não corria o risco de me acontecer. 
Cresci num sítio ao pé do mar, levava fato de banho debaixo da farda e fugia para a praia à hora de almoço. 
Ia à “cidade” para visitar a avó, para fazer o B.I., comprar mochilas de cornucópias na Porfírios ou calças elásticas na Praça de Espanha. E só. 
Andava de comboio a fugir ao pica – eram só duas estações -, andei de mota sem capacete à pendura, pedi boleias a voltar do Guincho. As motas não tinham espelhos porque era foleiro e os carros vinham atolados de amigos ou amigos de amigos apeados.
Fazia corta-mato pelos Salesianos, na altura só rapazes, para chegar a casa. Muitos são agora casados com amigas. Nunca vinha para casa a seguir às aulas e havia sempre um programa para fazer, uma casa de amiga onde ir, uma festa imperdível.
Quase tudo isto se foi. E por isto quando li este texto e este depois de uma tarde a viajar no passado via comentários no Facebook só posso agradecer à querida Pólo Norte pela viagem maravilhosa ao bocado de vida onde (também) fui tão feliz!
Decerto isto dirá pouco às pessoas que não são daqui. Mas diz a todos os que viveram ainda no tempo onde não se conhecia o medo como hoje.

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