O egoísmo do parto.

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O parto deve ser um ato de completo egoísmo.
Mesmo daqueles que não estamos para o mundo e nem queremos saber.

Pode parecer estranho em tamanho passo para o amor, mas esta falta de altruísmo é mesmo por isso. Amor!
O momento anterior e de parto deve ser entre a mãe e o bebé, e quando se quer e se está tão confortável com, o pai.
{Também acontece com a mãe da grávida ou com alguém que se está como connosco próprios}.
Bem, o importante é que aquele núcleo seja de total conforto, paz e especial. Dividir este momento com alguém é tão importante que esse alguém, a ser, tem ser uma metade.
Sem cerimónias, sem vergonhas, sem qualquer preocupação, e que não estejamos a pensar se vai desmaiar a ver sangue, se se traumatiza, ou se vai refilar com tudo o que se move de bata branca.
Esse “alguém” tem de ser uma presença forte e ao mesmo tempo invisível, se me faço entender… Ou se a nossa vontade é enorme em que esteja que nem nos importemos que desmaie, faça 3 mortais encarpados ou que rodopie e caia redondo no chão (ou dê um soco no médico).
E, isto é dentro, mas de fora também há inibidores de parto.
Inibidores que chegam por telemóvel, por SMS, pelas redes sociais, pelas visitas, pela obrigação das partilhas, posts, twits (whatever) que pressionam para saber se está a ser, se já foi, quando vai ser, como, porquê, quantos dedos, quantas luas, de quantos em quantos minutos, etc,…
No parto não deve haver partilhas.
O parto é da mãe e do bebé, e daquela excepção, e até médicos, enfermeiros, todas as batas e não batas, devem dar um passo atrás…
Não é só filosofia.
Há uma lógica fisiológica que explica o que faz o exterior a um parto.
Podem ver na natureza que todas as fêmeas se escondem para dar à luz, não há nenhuma a ter logo ali, com plateia, a bater palmas, a roer unhas ou a gritar olés!
A razão para isso acontecer tem a ver com as hormonas. Só assim, com tranquilidade, respiração e alguma reflexão e introspeção elas se arriscam aparecer.
Nem todas as mulheres – podem dizer vocês. E eu digo não. Podem as mulheres lidar com a pressão e o stress de forma diferente – umas adoram e não se importam mesmo nada que o parto seja uma festa – , mas estas hormonas, só arriscam quando o caminho está livre.
Tem todas uma dose certa, uma altura certa e um objectivo certo.
Umas servem para as contrações, outras para libertação da placenta, enfim… Coisas que só elas sabem fazer e que não precisam de likes.
Muitas fêmeas na natureza – lá estou eu – se se sentem ameaçadas no parto pelo predador, conseguem interrompê-lo durante dois dias, até estarem livre de perigo e então aí dão à luz, de forma segura.
Por isso, vos digo como boa amiga: Um parto não é para partilhar. Um parto é para sentir.
Para imaginar o nosso bebé nos nossos braços, na pele que estamos em breve a tocar, no amor que nos vai arrebatar.
Partilhem depois o peso e o tamanho de quando nasceu, o primeiro sorriso, os dentes que nasceram, os dentes que caíram, tudo o de bom que aí vem. Há uma vida toda para partilhar. Mas não antes de vir ao mundo. O pré parto e o parto, guardem só para vocês. No coração como um tesouro, raro e único, fechado a sete chaves!

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11 thoughts on “O egoísmo do parto.

  • Me fez lembrar do meu parto e de como foi decepcionante. Uma médica tão experiente que já tinha virado rotina, não se importou o mínimo se era minha primeira experiência e tratou como um caso a mais no seu dia a dia. Passei 5 dias com dores pré disposta a um parto prematuro e ouvindo simplesmente que era tudo normal, na véspera do meu parto tive que ouvir da médica que realizou meu ultimo ultrassom que minha filha estava em sofrimento fetal. Desesperada e amedrontada com a possibilidade de ver minha filha nascer morta a "profissional" que me acompanhava tratou de toda a situação com extrema frieza e ignorou meu desespero durante todo o parto, de cesárea, sem almenos considerar que meu sonho era um parto natural.
    Realmente o parto é totalmente egoísta, o auxilio da equipe médica deve ser o mais respeitoso possível, a mãe sabe que seu médico tem responsabilidades mas os médicos devem saber que as mães tem expectativas, todos em torno da gestante devem respeitá-la, ampara-la e cuidar para que esse momento único seja especial e proveitoso pra mãe e filho!
    Minha primeira experiencia foi triste e traumática, sonho em engravidar de novo e fazer tudo diferente!

  • estando agora na segunda gravidez, sem querer dou por mim a recordar coisas que parece q não vivi – no outro dia lembrei da quantidade de familiares q vi na parte de fora do bloco de parto. dei por mim a pensar "perdi alguma coisa por não os ter chamado?" e definitivamente, não. foi um momento só nosso, eu, pai e bebe. será q ter a família à espera não aumenta a pressão? é muito bom ter o apoio da família em tudo, mas o parto é só do casal e do bebe a nascer, o resto do apoio, à distância e inclusive c o tlm desligado 🙂

  • Texto bonito! Quando tive o meu 2ª bebé (uma menina), estava só eu e o meu marido no hospital! Quando saí da sala de partos para ir para o quarto perguntaram-me "Tem família à espera no corredor?" e eu respondi "Não! Logo nos visitam depois!" ficaram com um ar indignado como se fosse uma situação "obrigatória". Estava presente somente que era necessário, pensei no meu íntimo! Afinal há alguém que concorda comigo! 🙂

  • Olá Rita! Adorei o texto. Mas acho, (perspectiva ultra-pessoal) que o parto é um momento de completo altruísmo. Porque é naquele momento que trazemos outro ser ao mundo e temos de nos esquecer de nós e concentrar só nele. Porque nos esquecemos do que queremos e do que sonhamos para aquele momento e só queremos saber dele, do nosso filho. Queremos que tudo corra o melhor possível e esquecemos-nos completamente de nós. A luz do nascimento é mesmo isso – a magia do amor da mãe a passar para o filho 🙂 Um beijo!

  • Amei,eu fui um pouco mais egoista 🙂 só tive o meu marido no parto e nos 2 dias que estive no hospital não quis visitas,quando o meu marido estava ia tomar o meu duche e aproveitava pra relaxar 🙂

  • Concordo, por isso é que optei por ter o meu terceiro filho em casa, com o meu marido, uma doula e um enfermeiro/parteiro. Sendo que ja tinha duas cesariana prévias… foi sem duvida a melhor das experiências da minha vida. PORTANTO FUI BASTANTE EGOÍSTA, ACHO QUE SIM!

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