Como fazer com que os nossos filhos gostem de "verdes"?

Tempo de leitura: 3 minutos

Boy e girl andam numa fase “eu-não-gosto-de-verdes”. Acho que é algo que se apanha nas escolas ou nos jardins públicos. Um dia comem e de repente odeiam. Tipo vírus.
Fico doida quando lá vem a frase e digo-lhes mil vezes que gostam, que adoram verdes, que não vivem sem verdes, os músculos, a inteligência, etc… tipo lavagem cerebral.
Para acalmar o meu nervosismo, só meu sublinho, engano-os com sumos verdes e sopas e dá para relaxar um bocado. Comem bem tomate, cenoura, mas verdes… Que mal tem o verde?? Ainda para mais agora com Nani!!!
Já não falo do Popeye que está out, mas dos Nutriventures e da Vila Moleza, estes desenhos amigos das mães.
Enfim… Adorava que eles comessem verdes sem estarem atados a uma cadeira com uma colher ameaçadora em sua direção {ler em tom irónico e metafórico}. A sério, gostava mesmo que se levantassem de manhã e me pedissem espinafres, bróculos e agrião com um ar tão feliz como me pedem gelados, chocolates, a porcaria das gomas… Que gostassem conscientemente e palativamente de vegetais.
{Uma vez, numa reportagem que fiz sobre permacultura, conheci uma mãe que tinha um talhão e a filha de uns 7, 8 anos comia alegremente todos, mas todos os vegetais plantados e vinha oferecer-me. Até os mais estranhos ela adorava.}
Então fui tentar saber que feitiço se pode fazer para que eles amem de coração verdes! Não sei se é certo, mas pelo menos há alguém com uma estratégia. 😉

1. Parar de dar escolhas
Permitimos aos nossos filhos que escolham demais. Ter duas ou três opções para uma só refeição não pode ser. Pedidos específicos podem ser considerados, mas não honrados imediatamente.

Depois não fazer comida especial para eles (quando já são maiorzinhos claro). A refeição da casa é para todos e só há uma excepção depois do passo 2 (abaixo).
E repetir várias vezes: Ninguém morre de fome com um prato de comida à frente!Ninguém morre de fome com um prato de comida à frente!Ninguém morre de fome com um prato de comida à frente!
2. A Regra das três tentativas
As crianças têm receio de coisas novas e são precisas pelo menos três exposições separadas ao alimento para que se torne familiar. Uma vez conhecido, geralmente será aceite sem resistência. Ou seja, um novo alimento tem de entrar em três refeições separadas e eles devem provar. Nem sempre resulta, mas quase sempre a primeira começa em lágrimas e a ultima em algo normal. Com muita insistência as crianças passam a estar muito mais dispostas a experimentar coisas novas pela primeira vez, porque entendem que, mesmo que não gostem de imediato, podem gostar mais tarde, eventualmente.
3. Limite as “porcarias”
Porque é que as crianças gostam de coisas pouco saudáveis muito mais rápido que as boas?!
É difícil conseguir que as crianças experimentem coisas novas e comam refeições saudáveis e equilibradas, se se estão constantemente encher de porcarias. A junk food, os pães com chocolate, aqueles aperitivos de sal, as coisas cheias de açucar devem ser a exceção, não a regra. Deve evitar-se, especialmente, lanches duas horas antes da hora do jantar, e não se permitir lanches após o jantar, especialmente se a criança não comeu o jantar. Isso é muitas vezes mais fácil dizer do que fazer!
Dizem os entendidos que a única maneira dos filhos a comer bem é, por vezes, deixá-los com fome.
4. Leve-os às compras
Faço muito isto mas com fruta. Quando vêm comigo ao supermercado, não podem trazer guloseimas mas podem escolher a sua fruta. Adoram e comem sempre o que escolheram. Falam se está madura, partilham com a família orgulhosos. O próximo passo será com os verdes.
5. Ser criativo na cozinha
Pratos apelativos, fazer bonecos, pôr cabelos de bróculos, barbas de espinafres… Cortar tudo em quadradinhos ou palitos e pôr em tigelinhas e deixá-los apreciar como aperitivos. Os olhos também comem e é impressionante o que uma cozinha criativa pode levar as crianças a comer… Comerem com as mãos até uma certa idade não é mau, nem falta de educação. Em bebés, baby led weaning, que consiste basicamente em deixá-los comer com as mãos e experimentarem tudo, já ganha muitos adeptos e com ótimos resultados. levá-los a uma horta, deixá-los provar directamente da terra, tudo isto são pontos.
6. Enfatizar Boas Maneiras 
Deixá-los ver o trabalho que dá cozinhar, o que custa comprar alimentos, que não se deve estragar comida, quantas pessoas/crianças não têm nada para comer… Explicar que é rude não darem valor ao nosso esforço.
7. Envolvê-los no processo
Quando tiver tempo leve o seu mini chef consigo. Dê-lhe uma tarefa, deixe-o experienciar, conhecer os alimentos. Deixe-o provar, mexer, partir… (só deve dar ao fim de semana mas é de tentar!)
8. Reforço constante 
Crianças são crianças, e o reforço constante será sempre necessário. É preciso paciência e amor pela cozinha. E vai resultar. O orgulho do meu filho é adorar sopa de feijões e fala a toda a gente da sua conquista. Qualquer diz serão os verdes.
Pontos daqui, de outras pesquisas, e do senso comum, e foto aqui.

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1 thought on “Como fazer com que os nossos filhos gostem de "verdes"?

  • adorei a forma como abordou este tema já um pouco batido… fê-lo com o seu jeito simples e inspirador de sempre, sem deixar de focar as questões essenciais e com dicas práticas realmente úteis. Algumas já ponho em prática… outras vou certamente adoptar.

    Falo "de barriga cheia" porque tenho um filho que sai a mim… é uma boca santa e sempre comeu bem. Mas, há sempre coisas de que gosta um pouco menos. Bróculos, por exemplo. Como não os come inteiros, o que faço é pô-los na sopa e assim marcham…

    Ontem para jantar fiz bacalhau à brás (prato que adoro!!!), primeira reacção do meu miúdo de 3 anos qd lhe respondi à pergunta "O que é o jantar, mãe?" foi um "não gosto". Não liguei muito, aqueci a sopa, pus a comida na mesa, realcei o facto de o prato ter batatinhas e ovo (ele ADORA ovo!!!), comeu tudo tão bem que até fiquei pasmada. No final, com o prato vazio, disse-lhe que aquela comida é a comida preferida do Cristiano Ronaldo (li uma vez numa entrevista…) e acho que nunca mais vou ouvir um não gosto em relação a este prato! 🙂 há que ser criativa e desenvolver estratégias personalizadas! mais uma vez obrigada pelas dicas.

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