A honra da escola!

Tempo de leitura: 3 minutos

Eu não sei quem voltou a partilhar hoje um post que eu escrevi há algum tempo sobre estar contra os Quadros de honra, mas está outra vez a bombar. Se alguém souber, apite! 😉
Esse post foi dos mais visitados do blog, com pessoas a favor e outras contra. E ainda bem.  [Apesar de algumas serem mais violentas e de me chamarem “esta senhora”;)]
Se calhar hoje teria escrito de outra forma porque parece que o meu tom não foi compreendido por algumas pessoas. Não que quisesse que todos concordassem, (nem pensar!!) mas muitas não interpretaram bem as nossas diferenças.
Eu nunca escrevo com ódio. Nunca. Não me inspira. Eu só escrevo quando sinto amor. E no meu amor pelos meus os quadros de honra não têm espaço.
[Sim, continuo contra.;)]
Mas essa temática, bem como a de eu não dar grande importância a notas, ou ser contra trabalhos de casa, exames nacionais na primária, ou contra bolinhas verdes, amarelas ou encarnadas que avaliam diariamente – que pressão! – o seu comportamento, ou me passar por estarem tanto tempo fechados na sala de aulas, ou achar o programa extenso, maçador e exigente demais, ou ouvir as minhas amigas que pedem, academicamente, aos filhos muito mais do que eu, deixa-me muitas vezes a refletir se não serei exigente de menos (tendo em conta que ela só agora entrou para o primeiro ano e ele está no pré-escolar…)
Ou da vez que disse que se um filho meu me dissesse que queria ser sapateiro se o fizesse feliz não me importaria e caiu o carmo e a trindade, ou que a escola às vezes perde oportunidades de inspirar por tanto comandar… Enfim..
Não sei que mãe serei no liceu, na universidade, nos estágios e nos futuros empregos.
Só sei que mãe sou agora.  E, agora, não é coisa que me interesse.
Quero vê-los de olhos brilhantes por juntarem consoantes até chegarem à magia da palavra, por saberem fazer um troco no supermercado, por resolverem um problema sozinhos, pelo dia em que pegam num livro e ficam a conhecer a história toda. Que gostam de olhar para o céu, descobrir estrelas e constelações, pensarem no planeta, saberem onde há certa espécie de animais… Quero saber que ajudaram um menino com mais dificuldade. Ou que foram bem educados com a auxiliar, criativos, fantasiosos, imaginativos, curiosos, empreendedores… Que questionam. Que riram à gargalhada num intervalo, que defenderam alguém que precisou. Que falam a verdade. Que têm palavra. Que lidaram com a frustração, ultrapassaram o obstáculo e seguiram em frente. Que o conceito felicidade é tão ou mais preponderante que os de pontualidade, quietude, acatamento … Que não sejam rotulados, antes de formarem a sua personalidade.
Não me estou a borrifar para o conhecimento, para a sabedoria. De todo! Apenas ligo mais ao interesse e à descoberta. E à moral.
A escola é um mundo de oportunidades fantásticas para o conhecimento do mundo. A importância de um professor na vida de um aluno pode ser marcante. Pode mesmo salvar a vida de alguém mais perdido. Essa para mim é a magia da escola. A honra da escola. O ensino vai para lá das notas. Entra no espírito, e é esse que quero ver brilhar.

Foto: Pau Storch

23 thoughts on “A honra da escola!

  • Tão bom Rita. É isto mesmo 🙂 Tão bom quando alguém acalma o nosso coração de mães e nos tranquiliza relativamente às nossas próprias opções.
    Um beijinho com saudades

  • Querida Rita,

    Nem mais, para mim está tudo dito. A minha filha frequenta o 3º ano, do 1º ciclo, não a pressiono, não é a melhor aluna da turma (também não sei se quereria), estuda voluntariamente e até ao momento as notas variam entre o bom e o muito bom (teve 1 teste de Português com nota insuficiente, o seguinte foi bom) , também sei que cada criança é diferente, mas para mim é fundamental que, pelo menos nesta primeira fase, ela não sinta a pressão/competição de ter que ser a melhor. Quero que os seus olhos continuem a brilhar, que as suas gargalhadas genuínas continuem a encher os meus dias, que continue a falar sem parar e acima de tudo seja FELIZ.

    O Professor também faz o aluno e este ano sinto o meu coração apertadinho, a turma não é fácil, o acompanhamento dos pais tem que ser próximo para que ela não desmotive, a ver vamos.

    Um beijinho e muitas FELICIDADES.
    Carla Almeida

    • Rita, esta noite li o seu ultimo livro de fio a pavio. Adorei! É mesmo uma inspiração!
      Fui uma das pessoas que comentou o post inicial que refere pois também não sou a favor dos trabalhos de casa (a minha filha mais nova tem 6 anos) por achar que depois de um dia inteiro na escola, sentados direitos e sem falar com os colegas, sempre a serem chamados à atenção para se portarem bem, quando estas crianças chegam a casa e a primeira coisa que ouvem dos pais, é : vai fazer os trabalhos para a seguir tomar banho e depois jantarmos, na minha opinião, esta é a formula certa para os desmotivar da grande aventura do conhecimento e da curiosidade inata que as crianças têm por saber e aprender.
      Obrigada pela sua partilha, fez-me sentir mais acompanhada 😉
      Um grande beijinho e parabéns pela família linda.
      Alexandra

  • Querida Rita!
    Admiro-a tanto! Nesta questão acho que depende também muito da criança que temos! Eu tenho 2 a primeira adora a escola, as professoras, as auxiliares, todas sem excepção! Tem um menino autista na sala e ela é a sua colega preferida, e sim, é muito competitiva, quer saber TUDO!!! Fazer os trabalhos que lhe pedem e até os que não lhe pedem! Eu acho o primeiro ciclo uma violência e ela tem tudo muito bom e ainda tem piano e natação e não tem mais porque eu não deixo! Adora e é uma criança super feliz! A mais nova, é uma risota, vai à escola porque tem de ser…faz os deveres a muito custo… Livros, nem por isso… O oposto da irmã… A primeira menina de quadro de honra e excelência e a irmã pelo menos para já não será. São as duas minhas, as duas muito amadas e se a maior quer saber mais e mais não serei eu a limitá-la! Assim como não diminuirei nunca a irmã tão especial no seu mundo dos sonhos!

  • Se eu tivesse o dom da escrita… teria sido eu a escrever este texto…

    Não tenho, nem nunca tive… o meu gosto vai para os números e para a lógica das coisas…

    Nunca me exigiram nada… não exijo do meu filho… anda no 3º ano, o programa para este ano é medonho, sinto medo, muito medo!

    Esta semana teve testes todos os dias… segunda de inglês (agora é curricular), terça a Português, quarta a matemática e quinta a estudo do meio!.

    Entre o futebol (das 18 às 19:30 – onde se diverte com os amigos- não há rivalidades nem competição) e a catequese, com um horário em que à segunda e terça sai às 17:30 e nos outros dias às 16h, acha que vou massacrá-LO com "vai estudar?"… não, nem pensar… sentamo-nos 10 minutinhos, pego num livro e faço perguntas se houver dúvidas tento explicar (tento mas às vezes é complicado é tudo tão diferente, a matémática tão evoluída…)

    [Rita, iniciação às fracções no 2º ano(!)], ou o novo acordo ortográfico (que me recuso a aceitar – mea culpa!)

    10/15 minutos mais não!

    Beijo,
    Marta Cruz

  • Concordo com tudo, menos com a parte em que diz que não é exigente. Para si o caminho é até à faculdade. Muito bem. Para si os seus meninos vão conseguir juntar as sílabas e formar palavras, saber fazer o troco no supermercado, e ajudar os meninos que precisem. Muito bem também. Isso não é forma de falar de uma pessoa pouco exigente. Simplesmente não se deixa ir atrás destas modas de avaliação massiva. Esse grande percurso que é a vida acadêmica, é para sim (e para mim) tão assumido que só vemos os filhos a fazerem coisas boas até atingirem a meta. Mas atenção… Por vezes os nossos filhos podem não conseguir juntar bem as letras ou fazer bem contas ou um sem fim de dificuldades e podem ser eles a precisar da ajuda do tal colega. Às vezes a vida troca-nós as voltas e o esfroço que eles fazem para conseguir aquelas coisas que nem púnhamos em questão superam qualquer quadro de honra. Viva o momento é a superação individual de cada um. Os quadro de honra são para rebanhos!

  • Olá Rita!
    Enquanto educadora e mãe ifentifico-me imenso com o seu pensamento e, acima de tudo, fico super feliz por saber que a minha miúda tem uma colega, talvez amiga, como a sua filha 😉
    As bolinhas têm originado megas conversas lá por casa e a não atribuição do smile só porque teve um amarelo, têm consumido a minha princesa…
    Ainda assim a minha frase de todas as manhãs, antes de ir trabalhar não muda: "Amo-te muito pipoca! DIVERTE-TE!!!"

  • Olá, não concordo com tudo, também sou mãe e de três filhas. A mais velha já na Universidade, a do meio no 12º ano e a mais pequena no 8º ano. Os programas são mesmo assustadores, apercebo-me o quanto têm vindo a piorar, quando a que está no 12º dá explicações à mais pequena porque está a dar quase o mesmo!!! Mas são muito boas alunas e não descuram toda a parte da brincadeira da solidariedade para com os colegas, da educação com toda a gente e têm muito brio nas boas notas que tiram, estes alunos têm que ser valorizados, de alguma forma e tal como o ensino público tem que ter um papel abrangente e de inserção, de apoio para os que têm mais dificuldades, também tem um papel importante de valorizar aqueles que se destacam pelas notas, comportamentos e valores. Não há nada mais desencorajador do que não vermos o nosso esforço não ser reconhecido. E posso assegurar, que além dos meus olhos de mãe, são meninas muito bem formadas, com elevado valor de justiça e solidariedade e sempre prontas a ajudar os que têm mais dificuldades, por tudo isto também concordo que não pode haver uma avaliação massiva, temos que tratar cada um individualmente, mesmo que seja um aluno de excelência.

  • Mais uma vez concordo perfeitamente 🙂
    O ensino vai para lá das notas e a felicidade também. Aliás a felicidade e o ter sucesso. Não são as boas notas ou um dia mais tarde um emprego bem remunerado que significam sucesso e felicidade. Podem significar, mas não são garantia, depende das pessoas. Eu gostava quando tinha boas notas, ficava feliz. Mas também ficava feliz com outras mil e uma coisas.

    Além disso, há muitas capacidades que não são avaliadas nas escolas e que são tão ou mais importantes para o nosso ser 🙂

  • Olá Rita!
    Acho que é a primeira vez que estou a ler um texto escrito por si, mas concordo plenamente consigo o que importa mesmo é vê los com um sorriso no rosto. O pior é quando o sorriso no rosto passa pelo quadro de honra e pelas décimas do teste. Tenho dois filhos que são o meu tudo, orgulho me deles daqui até a lua. Mas o Tomás que tem 12 anos e frequenta o 7 ano, vive na ânsia de ser o melhor da turma, ele tem que ser o melhor mas tem uma amiguinha a P. Que lhe faz frente. Às vezes dou comigo a pensar este miúdo vive numa ansiedade constante e não pode ser! Por mais que eu tente dissuadi lo as vezes não consigo. Obvio que esta no quadro de honra, não sei como reagirá se algum dia por qualquer motivo não o estiver. Preocupa me, o facto de ele viver naquela disputa de notas às vezes acho que ultrapassa o limite do saudável. O Tomás quer ser engenheiro informático com mestrado em programação. Mas tenho o 8 e o 80, a minha filha mais velha tem 16 anos esta no 11 ano num curso tecnológico de tecnico de apoio à gestão do desporto, mas sempre foi uma aluna de 3 as vezes de 2, não gosta de estudar sempre foi passando com os tipico comentário " podia fazer muito melhor". Ama o futebol alias joga futebol 11 esta referenciada na seleção nacional, e a vida dela é o desporto. Por isso com 15 anos foi viver para a casa de uma tia para poder estudar e fazer aquilo que gosta. Custou me muito, deixa lá ganhar asas, mas a felicidade da Lena passa por ali. Não sei se o Tomás é assim por me ouvir ralhar tanto com a irmã, mas sei que a felicidade dele passa pelo quadro de honra. Eu como mãe o que mais quero é vê los a sorrir! Um no quadro de honra, outra com uma bola nos pés sempre apoiando os de uma maneira ou de outra seja a fazer pergunta sabendo ele já a matéria toda, seja a sofrer num estadio de futebol. Mas sei que de uma maneira ou outra com o sorriso deles eu sou feliz! Beijinho

  • Olá Rita!
    Acho que é a primeira vez que estou a ler um texto escrito por si, mas concordo plenamente consigo o que importa mesmo é vê los com um sorriso no rosto. O pior é quando o sorriso no rosto passa pelo quadro de honra e pelas décimas do teste. Tenho dois filhos que são o meu tudo, orgulho me deles daqui até a lua. Mas o Tomás que tem 12 anos e frequenta o 7 ano, vive na ânsia de ser o melhor da turma, ele tem que ser o melhor mas tem uma amiguinha a P. Que lhe faz frente. Às vezes dou comigo a pensar este miúdo vive numa ansiedade constante e não pode ser! Por mais que eu tente dissuadi lo as vezes não consigo. Obvio que esta no quadro de honra, não sei como reagirá se algum dia por qualquer motivo não o estiver. Preocupa me, o facto de ele viver naquela disputa de notas às vezes acho que ultrapassa o limite do saudável. O Tomás quer ser engenheiro informático com mestrado em programação. Mas tenho o 8 e o 80, a minha filha mais velha tem 16 anos esta no 11 ano num curso tecnológico de tecnico de apoio à gestão do desporto, mas sempre foi uma aluna de 3 as vezes de 2, não gosta de estudar sempre foi passando com os tipico comentário " podia fazer muito melhor". Ama o futebol alias joga futebol 11 esta referenciada na seleção nacional, e a vida dela é o desporto. Por isso com 15 anos foi viver para a casa de uma tia para poder estudar e fazer aquilo que gosta. Custou me muito, deixa lá ganhar asas, mas a felicidade da Lena passa por ali. Não sei se o Tomás é assim por me ouvir ralhar tanto com a irmã, mas sei que a felicidade dele passa pelo quadro de honra. Eu como mãe o que mais quero é vê los a sorrir! Um no quadro de honra, outra com uma bola nos pés sempre apoiando os de uma maneira ou de outra seja a fazer pergunta sabendo ele já a matéria toda, seja a sofrer num estadio de futebol. Mas sei que de uma maneira ou outra com o sorriso deles eu sou feliz! Beijinho

  • Há alternativas .Mas caras. Após uma experiência desastrosa no nosso programa educativo (carga lectiva excessiva, programa curricular muito extenso e complexo, decorar, decorar, decorar, ouvir, ouvir, ouvir; muita competitividade, obsessão com exames nacionais… ) optei por um modelo educativo diferente. Não é perfeito mas é infinitamente mais estimulante respeitador da criança.
    Há crianças que se adaptam lindamente ao nosso ensino mas, infelizmente, a minha não foi uma delas. Sofreu imenso.

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