Orgulho! Mom power!

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Há uma “classe” que pagou muito as favas nesta crise que já não é crise mas que se passou a chamar: realidade. 

Era impossível vivermos eternamente em tempos de vacas gordas quando nem éramos um país produtivo, nem rico, nem com recursos por aí além. E que justiça haveria neste mundo se continuasse a haver crianças a morrer há fome do outro lado e a trabalharem em condições para lá do que se pode explorar um ser humano?! Ainda há fome e miséria, claro. Mas há menos. 

E para uns subirem, desceram outros. 
[Isto não é para ser polémico. Chama-se apenas: economia.]

E, por cá, sentiu-se muito. Não há quem não conheça histórias de despedimentos, falências e poucas ou nenhumas oportunidades sequer. Motivação passou a ser um luxo, aumentos uma miragem, promoções de carreira só para muito poucos.
Mas é nestes momentos que a criatividade se revela e o mundo se torna maravilhoso. 
Esta “classe” que sofreu muito foram as mães. São facilmente identificadas. Traziam uma tabuleta em cima da cabeça que apontava alguns anos com uma dedicação que se sobrepunha [mesmo que pudesse não interferir assim tanto] e que enumerava uma lista: doenças, burocracia, inscrições nas escolas, pouca disponibilidade extra horário e talvez conversas parvas sobre cocós. 
Vai daí e começaram, como antigamente, a vir para casa cuidar dos seus, primeiro que qualquer outro trabalhador.
Mas algumas destas mães pegaram no seu despedimento – ou no “azar” que lhe aconteceu – rasgaram-no bem rasgadinho e fizeram-se à vida. 
E começaram a surgir por aí os projetos mais maravilhosos que alguma vez se viram, criativos, cheios de rasgos, coisas que só se “encontravam lá fora”. 
São chefes de si próprias, dão o litro, vivem com menos mas muito mais felizes. Não têm hora de entrada e saída e muitas vezes os seus mundos misturam-se porque não têm hipótese. Ganharam mais tempo para os seus, reinventam os seus dias, buscam novas ideias incansavelmente. E até já conseguem ir buscar os filhos à escola e dar amor quando eles estão doentes, [claro que com o computador numa perna e o filho na outra].  Por mais pequeno que seja o império que criaram é feito com o que falta em tantas empresas: respeito, verdade, paixão, dedicação. 
Ontem fui aqui e parei para pensar no caminho de algumas amigas e encheu-me de orgulho. 
Não é sempre fácil, as contas não estão mais cheias, e o incerto aumentou exponencialmente, mas ainda não ouvi nenhuma dizer que tem uma vida pior. 
Continua a haver claro histórias menos felizes, sacanices e empecilhos mas ressaltam os momentos de amizade, entreajuda e uma empatia enorme porque há uma coisa enorme que as une: serem mães.
A “classe” foi a mais lesada mas é um exemplo do que melhor e mais mágico aconteceu nesta crise. Mal sabiam as empresas que estavam a empregar dois trabalhadores pelo preço de um e que são capazes do maior empreendimento: filhos. 
Seja devido a opções de outros, casualidade da vida ou por pura opção é talento, esta é a minha singela homenagem a elas. Que lição. Que orgulho. 
[Não consigo marcar todas mas sei que por aí conhecem histórias assim e me vão ajudar. Vamos bater palmas de pé.]

[Esta foto roubei de outro mercado – acho que ninguém leva a mal – mas está cheinha de mães que adoro! E é tirada por um pai que também não me canso de elogiar.]

3 thoughts on “Orgulho! Mom power!

  • Grande texto Rita! Um verdadeiro elogio! Também lá estive e puder observar que cada vez mais as mães estão mais ativas: ativas na sua condição, no seu respeito por elas mesmas e no seu papel na sociedade, ativas em deixar um legado enquanto mães e mulheres!
    Já me passou tantas vezes pela cabeça (eu que já estive nessa mesma condição quase 6 anos)….mas ainda não desisti….estou apenas a organizar-me!
    Catarina

  • Não é uma vida pior, é uma vida diferente :)e o incerto pode tulhar-nos a visão durante algum tempo mas saber quando os nossos filhos disseram a primeira palavra, o que comem ao almoço, os livros que leem, o que sentem…não podia trocar esta vida 🙂

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