Tinha avisado logo que não ía perder o Salvador Sobral. Nem que fosse ver à tasca, ou a qualquer sítio castiço como se fosse há 50 anos. Esqueci-me que poderia não haver nenhum sítio aberto, castiço, moderno, ou alguma coisa, nas redondezas. É que, entretanto, tinha deixado o meu carregador na Casa da lã, ou seja, não tinha bateria. Avancei pela tv do quarto e nada. – É que me desconectaram mesmo!!!!
Nesta altura já estava um bocado irritada.
Tornei o meu marido cúmplice e avancei sobre o telefone dele. Ainda consegui ouvir uns 12 pontos, duas vezes, para o Salvador Sobral, e perceber que a coisa nos estava a correr mesmo bem mas renhida, até que o telefone dele também ficou sem bateria.
Que raaaaaiva!!!
Ele foi-se deitar, calmíssimo, e eu bufava. Saí noite dentro para a receção das casas que, obviamente, estava sem ninguém. Deviam esta, claro, a ver a Eurovisão nas suas casas.
Voltei para a nossa casa furibunda. E o que é que eu fiz? Fui buscar a chave do carro, liguei o rádio e ouvi:
Salvador Sobral o grande vencedor da Eurovisão!
Uma pessoa só percebe a dependência depois de a pôr à prova.
Levei a coisa a sério. Sem telefones, redes sociais e, tirando este episódio frustrado, tv.
E vou-vos dizer: Soube-me tão bem!!!
O nosso fim de semana desconectado aconteceu na Quinta do Rapozinho em Cabeceiras de Basto, Braga, e foi espetacular.
Fomos super mimados e bem tratados. Dormimos na casa dos Tóneis. Não é o máximo???
Tínhamos de comprar, colher, cozinhar, ser autosuficientes por dois dias.
Não é nada fácil e o trabalho é muito, e tivemos muita sorte porque tivemos ajuda. A vida do campo é suficiente para nos entreter. Chega e sobra. Os miúdos nem sentiram a falta. Só quando acabou é que se lembraram porque até lá fizeram amigos e andaram sempre na rua. Vimos fazer lã, fomos plantar aromáticas e chá biológico e nacional (vejam o ar de campónio da baby Madalena que amou esta parte), colhemos da horta, fomos à mercearia da Aninhas, pastámos ovelhas, demos passeios lindos, e eles mergulharam na piscina para espanto dos outros hóspedes que andavam de casacos. Deu para tudo.
Foi um mergulho no slow living apesar de cheio de atividades. Mas o tempo é outro e a vida passa de outra forma.
Já tinha feito um vídeo, fiquem agora com as fotos. Não há nada como fotos, certo?
Mas que maravilha! Precisava tanto disto!