Será assim tão estúpido resumir tudo a felicidade?

Tempo de leitura: 3 minutos
Ontem fui convidada pela Câmara Municipal de Cascais para umas “Conversas improváveis” sobre educação. Aceitei a medo porque não sou profissional do ramo e só poderia ir lá dar a minha opinião pessoal e o que tenho aprendido neste blog e na Tribo…
Havia políticos, de esquerda e direita, havia professores, diretores de agrupamentos, alunos, pais, etc…
E o que seria (ou pensava eu que seria) um bom momento e de partilha, tornou-se numa batalha campal. Fiquei preocupada e triste porque saí com a sensação que dificilmente se resolverão algumas questões. Uns puxam para um lado e outros para o oposto. A escola está longe de agradar a todos, mas podia ser um lugar muito melhor. 
Na verdade não contribuí com muito para este debate porque era só ali uma mãe sem grandes ideias a implementar mas lutei muito pela ideia de felicidade. Bem, até me senti um pouco limitada porque não estou por dentro de todas as questões debatidas. (E não tenho vergonha de o dizer.)
Mas sou mãe. E adorava que repensassem esta exigência, que os pais passem mais tempo atentos aos seus, que nenhum jovem se sinta desamparado ao ponto de andarmos todos à pancada sem olharmos para eles. Que o mundo abrande.
Saí preocupada quando ali nos contaram que numa iniciativa da semana da juventude (ou de algo assim que não sei precisar), um grupo de 200 alunos tinha de escolher dois temas para debater. Os temas que escolheram foram “Psicólogos na escola” e “Suicídio juvenil”. Ora se isto não é um sinal de alerta, avisem-me.
Não quero saber de concorrência, competição, nem quero que os meus filhos sejam os melhores.
Quero vê-los curiosos, interessados com o que aprendem. Com vontade de mais.
Para isto acontecer temos todos de nos envolver. Pais, presentes, empresas cooperantes, professores alegres e entusiasmados.
Felicidade nas escolas é possível. Mas todos temos de remar para o mesmo lado.
Miúdos acutilantes, sem medo de perguntar, de dizer que não perceberam, professores com humildade suficiente para conduzirem sem matarem a genialidade que os mais pequenos têm.
Não é à toa que o ensino, digamos alternativo, Montessori, Waldorf, Homeschooling, etc.., tem crescido a olhos vistos no nosso país. Onde o foco está na criança. Onde ela decide. Trabalha a autonomia. Acredito que muitos pais que querem que os filhos sejam bem sucedidos, mas concerteza, todos quererão que sejam felizes. E por isso, para mim, tudo isto se resume a felicidade. 
Nem pude ontem partilhar a história de um artigo da Tribo de duas mães que, não estando satisfeitas com o ensino, decidiram fazer uma escola para os filhos (esta e esta) e abri-las à comunidade.
É um artigo especial que se puderem leiam. 
Agradeço muito o convite da CMCascais que nos deixou debater sem censura em busca de um caminho melhor. Foi importante para mim perceber que afinal é mesmo de felicidade que todos precisamos. 

4 thoughts on “Será assim tão estúpido resumir tudo a felicidade?

  • Concordo em tudo com a Rita, de facto hoje os adultos preocupam-se com tudo menos com o bem estar dos filhos. Preocupam-se em dar-lhes médicos particulares, atl´s caros, inúmeras actividades, preocupam-se em dar-lhes do bom e dos melhor, coisas materiais leia-se, mas esquecem o essencial. Não olham para os filhos, não os conhecem e preocupam-se é com as notas escolares e com o desempenho fantásticos nas multiplas actividades after school. Falta o essencial: o amor e a formação dos filhos. Falta dedicarem-lhes tempo de qualidade e falta ouvi-los. A mim, parece-me que ninguém está interessado em tratar o tema com seriedade, anda tudo preocupado com as suas coisinhas, olhar para o lado nem sempre é fácil e agradável. Enfim, veremos que adultos teremos, o pior é que quando for tarde haverá pouco a fazer …

    beijinho para si por ser uma mãe que se importa
    Maggie

  • Como já tive oportunidade de trocar ideias com a Rita sobre o tema sabe bem que defendo o mesmo: aprender devia ser sinónimo de felicidade
    Para quando? Alguma vez irei ver isso? Infelizmente vejo adolescentes com ansiedade, ataques de choro, completamente espremidos por tanta avaliação. Este ano com as novas regras de avaliação contínua, com a qual concordo mas não nestes moldes, foi um trimestre de avaliações sucessivas… Mesmo sem as ditas atividades extra os miúdos não têm tempo…são crianças, jovens .. Se não têm tempo agora quando terão??? Muito tem que mudar. Mas como disse a Maggie muito pouca gente está interessada nisso. Médias sim, médias é que contam 🙁

  • Como já tive oportunidade de trocar ideias com a Rita sobre o tema sabe bem que defendo o mesmo: aprender devia ser sinónimo de felicidade
    Para quando? Alguma vez irei ver isso? Infelizmente vejo adolescentes com ansiedade, ataques de choro, completamente espremidos por tanta avaliação. Este ano com as novas regras de avaliação contínua, com a qual concordo mas não nestes moldes, foi um trimestre de avaliações sucessivas… Mesmo sem as ditas atividades extra os miúdos não têm tempo…são crianças, jovens .. Se não têm tempo agora quando terão??? Muito tem que mudar. Mas como disse a Maggie muito pouca gente está interessada nisso. Médias sim, médias é que contam 🙁

  • Maggie, é isso. A falta de tempo a tentar ser compensada de outra forma. Educar cansa, é estafante e dá trabalho mas não é a escola que tem de o fazer. Vivem a ter que fazer 300 coisas diferentes mas não passa pela cabeça passar um dia inteiro em casa, aproveitar o frio para ficar com os miúdos, sem pressas, a aproveitar o tempo. Tenho uma bela troupe em casa. 4, dos 19 aos 5. Saíram-me filhos caseiros na rifa e eu, confesso, adoro. Depois vão à vida deles mas quero aproveitar enquanto estão aqui. Os mais velhos, adolescentes, sentem essa pressão, os extremismos, quem não está comigo, está contra mim, a falta de calma e diálogo. Se os meus filhos têm 5 a tudo? Nem de perto, nem de longe. Mas são aplicados, escorregam de vez em quando e a cada negativa, aprendem mais um bocadinho. É assim a vida.

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