Tribo #5 [um ano depois]

Tempo de leitura: 3 minutos
Amanhã está nas bancas a nossa número 5. 
(Acreditamos que a falta de gasolina não afete aa entregas.)
Uma Tribo dedicada aos Pais.
Deixo-vos a minha apresentação. Acho que vão amar.
“Também com três letrinhas apenas…

[Este editorial estava a ser escrito com pezinhos de lã, com receio das minorias, das maiorias, das feministas, dos machistas e por aí além… não quero! Quero fazer uma homenagem bem alta aos bons pais. Sem outras interpretações. Já que, nisto concordamos todos, não há beleza maior neste mundo que relações bonitas.]

Percebi, com a experiência de um ano de muitas “tribos”, que por muito que o que conte no nosso conceito seja a história, as mães ocupavam muito mais páginas. Talvez seja porque as encontro mais, porque partilham mais, porque falam (falamos) mais… 
Esse desequilíbrio natural fez-me pensar nos pais de hoje em dia. Não se trata de andar de fita métrica ou a contar as fraldas que mudaram, os biberões que deram, quantos quilómetros percorreram ou quantos trabalhos manuais para a escola ajudaram a fazer. Um pai não se mede pelas tarefas, embora, para ser justa, deva acrescentar que cada vez mais há pais a fazê-las, e não há nada mais inspirador do que isso. 
O que devemos mesmo valorizar e contabilizar é o amor que um pai tem para transmitir aos filhos. E isto, mesmo sabendo que há muitos pais. Há até não ser pai e ser um. Há pais emprestados que o são mais do que os verdadeiros. Há pais que cuidam, que são atentos, que mudam a sua vida pela família. Há pais que não se lembram de ir comprar o presente de anos mas que fazem os melhores ataques de cócegas. Há pais que não sabem cozinhar mas que são espetaculares a ler histórias. Há pais que não rebolam no chão com os filhos mas que estão sempre lá nos momentos importantes. 
Quando me pus a alinhar as histórias que queria trazer para esta edição achei que seria difícil encontrá-los. Não foi! Foi difícil, em alguns casos, combinar encontrarmo-nos, porque essa parte devem estar habituados a deixar para nós [estou a rir-me, calma].
E depois fiquei surpreendida e muito mais rica com as suas partilhas. Não estava à espera… Temos de dar mais voz aos pais, temos de dar mais espaço aos pais. Ainda bem que o meu marido não é ciumento, porque andei por aí durante uns meses a conversar com eles. E aqui estão eles. Cada um mais incrível do que o outro, à sua maneira, à sua velocidade e verdade.
Tenho, obviamente, de destacar o chefe de uma tribo incrível, Manuel Pinto Coelho. É pai do meu amigo Bernardo, uma das melhores e mais alegres pessoas que conheci até hoje. Também é um “re-pai” de 70 anos. Médico, sem tempo a perder, abriu-me a porta do seu consultório e depois a de casa, com o maior sorriso, já a saber que íamos falar de coisas difíceis. E falámos. Muito mais do que estava à espera. Mas conversámos sobre muitas coisas boas. Uma generosidade incrível. Obrigada!
Mais um agradecimento, desta vez ao chef Kiko que, pela primeira vez, acedeu mostrar a cara dos filhos. A Tribo tem esta magia especial de que aqui somos um bando de uma coisa maior. De amor. 
Poderíamos ter escolhido um pai famoso ou uma história dramática para capa, para vendermos mais, mas esse não é o nosso caminho. E por isso, esta edição conta com uma história simples de um pescador e da relação que anda a criar com a filha, com o mar como pano de fundo. Foi das histórias de que mais gostei e, para mim, o bonito disto é perceber como a  vida comum das pessoas pode ser uma enorme inspiração. 
E acreditam que há um grupo de mães do Facebook que aceitou um pai como membro? Acho que vão adorar ler esta relação improvável de entreajuda entre pares.
Para cá trouxe também o meu pai, e os meus filhos fizeram um presente ao pai deles, em jeito de agradecimento. E a nossa equipa tem dois pais. Isto também é para eles.
Tudo isto para dizer que, para os filhos, podemos não ter os mesmos papéis, ou até ter papéis exatamente iguais. Não interessa. O que lhes deixamos, as memórias que criamos, é que têm de ser especiais, independentemente do género. Vá-se lá saber se será por esse motivo que  Pai e Mãe se escrevem com o mesmo número de letras.

Beijinhos à vossa Tribo,
Rita”

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