A jaula!

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Como hei-de dizer isto sem chocar ninguém?! Não dá!
O cão que vêem aqui entre as grades, às vezes, sou eu!
Presa, com eles a treparem, a invadirem o meu espaço
– se é que isto existe –
a conquistarem terreno de mansinho – ou não!
Às vezes, sinto-me tão claustrofóbica…
Não consigo estar só na casa-de-banho,
tomo duche de porta aberta,
não posso ir só num instante beber um café,
não dá para fazer um telefonema sem interrupções
e nem sequer posso ir pôr o lixo – cheio de fraldas – à rua.
Tudo isto deixa de fazer sentido depois de um fim-de-semana a trabalhar.
 Morro de saudades, invejo os programas que fazem com eles,
 quero ser eu a preparar-lhes o almoço,
a escolher a roupa, a pô-los a dormir a sesta…
Sábado de manhã ainda fomos uma hora à praia,
– depois mostro –
mas depois estivemos pouco.
Deixo o boy a chorar
 – ela já está muito crescida –
e vou de coração partido
 e arrependida de alguma vez
 ter dito que precisava um tempo para mim.
A verdade é que o meu tempo agora é deles e, sim,
eles podem trepar as grades à vontade.
Não tarda nada estão eles a querer liberdade
e eu a querer ser prisioneira deles.. 
Mas porque preciso de respirar fundo:
hoje e amanhã estou de folga
e pu-los à mesma na creche.
Acabo o trabalho de rastos e, agora,
 a casa também está toda por minha conta.
Logo, é dia de meter mãos ao trabalho,
 organizar, limpar e passar a ferro.
Tenho de marcar consultas, lavar o carro (again)
 e meter as mãos na ideia que tive
e que ficou escondida
em tantas tarefas que tive para fazer.
Rapidinho, que quero ir buscá-los cedo
para irmos fazer um programinha qualquer.
Entretanto, estou a beber um café num sítio onde venho sempre
 e a rapariga nova, odeia-me! Juro!
Não sei porquê…
Não lhe fiz nada de mal e até já esteve a brincar com os meus filhos…
Mas comigo, nem um piscar de olhos!
Há outras muito simpáticas mas por azar estão sempre ocupadas quando chego.
Eu posso pedir antes de outros clientes e quem é que ela atende?!
 Eles, está claro!!!
Não me diz bom dia, bem obrigada, nem nada de nada.
O que me leva a concluir:
Não ponho cá mais os pés!
Por falar em pessoas antipáticas,
no mundo dos blogs é muito fácil dizer mal.
O anonimato permite tudo e mais alguma coisa
e já por causa disso os comentários aos meus posts
têm de ser aprovados.
– Leiam este post ma-ra-vi-lho-so da Pipoca mais Doce
sobre o Infeliz Anónimo!
– Sou a favor da crítica,
 mas dela ao insulto vai um prédio de 12 andares.
Por isso, venham cá, digam bom dia e obrigada
mesmo que seja para criticarem…
A boa educação é uma coisa muito bonita!
E aí todos são aprovados!
Claro, que estes são casos raros mas
 já se diz que quem não sente não é filho de boa gente.
O balanço é muito mais positivo que negativo.
 As mães são, em geral, de uma raça generosa e altruísta!
 Afinal, se não nos ajudarmos entre nós,
 a jaula torna-se ainda mais pequena!
 Beijocas!!!

13 thoughts on “A jaula!

  • Querida Rita,
    Chocar???? Só quem nunca teve filhos! Ainda há pouco tempo fiz um post sobre a culpa onde falava sobre isso mesmo. Culpa por fazer, culpa por não fazer, culpa por deixar, culpa por não deixar, culpa por querer fazê-los felizes e ao mesmo tempo culpa por querermos estar sozinhas. E é tão rarooooooo! Nós queremos dar-lhes o melhor, o máximo de tempo de qualidade possível, mas precisamos de nos sentar connosco próprias também uns bocadinhos. Tomar um banho, fazer um xixi, preparar o jantar… Sempre com um deles à perna, ou a interromper para ver se não se estão a matar. Às vezes sinto-me culpada por deixá-los no colégio quando não tenho nada para fazer, mas precisamos de estar bem para estar bem com eles. E estar bem, implica ter tempo de voltarmos a ser nós e não apenas a mãe da X ou do Y. Nem que seja só 20 minutos por semana! 😛

    Em relação aos anónimos, já me macei com eles, hoje em dia, não ligo. Até me divertem. São pessoas invejosas e infelizes e que não podem ver ninguém feliz. Até me fazem uma certa pena! Deixo-os desbaratinar no meu blog. Sempre fazem um pouco de terapia! 😛

    Beijinho e boa semana!! 🙂

  • Olá!
    Como este post faz tanto sentido hoje para mim…o simples facto de querermos estar bem, faz de nós muitas vezes aos olhos dos outros más mães! Sou mãe de dois… hoje cada vez mais penso que para estar bem com eles, tenho primeiro eu de estar bem. Um beijinho

  • Entendo bem o que escreveste. Também começo a sentir essa necessidade de ter tempo para mim, para os amigos que passaram para 2º, 3º e 4º plano. Acho que quando entrar para a creche as coisas irão melhorar. Sempre terei a hora de almoço para mim, para combinar coisas com os amigos e as amigas. Contudo, sou uma mãe "obsessiva" e também sofro por estar longe dele, por saber que queria tê-lo visto a fazer e/ou dizer determinada coisa. Mas não somos omnipresentes, muito menos omnipotentes.
    Por isso, anseio pelas minhas horinhas de liberdade.

    E quanto a más criações, virtuais ou não, não suporto. Então em espaço de atendimento público acho mesmo ridículo. Quando não me tratam bem, nunca mais lá ponho os pés. Felizmente, nunca fui "vítima" de ataque de comentários anónimos. MAs, na minha opinião, isso é coisa de gentinha desocupada e invejosa. 😉

    beijos e boa semana! 🙂

  • Revejo-me totalmente neste post. Como já disse, nós, mulheres, somos excelentes burros de carga e uma das cargas mais pesadas que transportamos é a culpa. Queremos ser perfeitas, ou o mais perfeitas possível, especialmente no que diz respeito aos nossos filhos. Quando comecei a deixar a Francisca no infantário senti esse peso enorme no peito (a culpa) porque, afinal, estava em casa e até podia ficar com ela. Mas, tinha a tese de mestrado para acabar, aqueles livros e molhos de folhas a ganharem pó em cima da mesa, a chamarem por mim, a necessidade, quase que segregada, porque difícil de assumir, de ter tempo para mim, para as coisas consideradas úteis, como ir ao supermercado e ocupar-me das tarefas domésticas, e outras vistas como menos úteis, mas igualmente importante para a minha saúde mental. Hoje, ainda lido mal com o deixar a Francisca. De manhã, calha ao pai a tarefa ingrata de a deixar no infantário, embora ela fique lindamente, continuam a contar-se pelos dedos as noites que ela passou longe dos pais e, quando isso acontece, volta, quase imediatamente, aquele maldito aperto no peito, aquela saudade esmagadora. Mas, não me rendo à culpa. Porque, hoje, sei que é importante ter tempo para mim, ter tempo para nós, que, mais do que nos ter o tempo todo disponíveis, é importante que ela tenha pais felizes, equilibrados. E também é importante que ela tenha o mundo dela, aparte do nosso, que ela conquiste a sua independência, de que já dá sinais, e que, tenho a certeza, vai encher-me de orgulho e saudades do tempo em que ela era mais minha, mais nossa, do que do mundo… Beijo enorme, Susana Tavares

  • Assino por baixo, passo a vida a reclamar que não consigo dar um passo sem ser atropelada por um dos meus três tesouros, queixo-me que nem consigo sentar-me um segundo e quando sento, tenho logo um, ou dois, ou mesmo os três em cima de mim. Mas assim que os deixo ir a algum lado sem mim fico com um misto de saudades, sentimento de culpa, ideia de que sou impaciente que é qualquer coisa… E porquê? Porque eles são mesmo o melhor do mundo e nós adoramos os nossos filhos… é só isso!

  • Posso fazer vários Likes??? os nossos filhos são a nossa vida, e temos de aproveitar enquanto nos deixam dar beijinhos a montes sem fugirem porque os amigos estão a ver, ou abraça-los com força sem eles tentarem escapar porque já são crescidos para abraços… Por isso encho o meu de mimos até a quinta casa 😉
    em relação á boa educação, subscrevo a palavra… A educação é uma coisa muito bonita e fica bem a toda a gente… podemos até não gostar de alguém ou de algo, mas somos educados… ou pelo menos fomos criados a ser educados… beijinhos 🙂

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