Amor à antiga. – Diy

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Preparar passo a passo a chegada de um bebé teve em mim um sabor diferente do primeiro para o terceiro. Talvez tenha sido eu que mudei, cresci, amadureci. Dou importância a pequenos pormenores. Ao amor e ao tempo que ponho nos meus atos. A forma de ver o mundo, a tralha, o lixo, o que é essencial, o que é acessório. O valor de não ser instantâneo, descartável. 

Tive de comprar muita coisa nova. 
Não estava à espera desta benção. Não que não tivesse sido planeada. Foi. Mas durante muito tempo achei que não iria ter mais filhos até ao dia em que mudámos de opinião.
Comprei novo, em segunda mão, herdei e ressuscitei o que estava emprestado.
Arranjei tecidos de cores e padrões diferentes a condizer com a minha alma, pistola de cola para tornar sonhos reais, tesoura na mão certa do meu caminho. Peguei em linhas e agulhas pronta a alinhavar o meu espírito. Uma ou duas amigas para partilhar tempo, risos e experiência.
Numa loja de antiguidades encontrei um necessaire que me levou ao tempo de miúda até ao cheiro de casa da minha avó e as férias grandes preparadas pela mãe. Era desta cor posso jurar. 
Enchi-me de coragem para desfazer a história de vida de alguém enquanto lhe arranquei um forro que não sei o que contava, pronta a dar-lhe a receber outra vida.
Não está perfeito. Mas tem ali um momento só meu [nosso] dedicado ao meu novo amor. 
E quando me custar trocar mais uma fralda, ou a roupa toda dos pés à cabeça, numa madrugada fria, vou buscar este sentimento quente de quem quis colar as melhores emoções a cada remendo feito.

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