A terceira filha.

Tempo de leitura: 4 minutos
Um filho é sempre um filho, seja ele que número de chegada tiver.
Traz com ele uma imensidão de desafios, de maravilhas, de aprendizagem, de falhanços e vitórias.
O primeiro ensina-nos tudo. O segundo relaxa-nos porque percebemos que não sabíamos nada e que afinal, melhor ou pior, até formos capazes.
O terceiro mostra-nos todas as coisas que podíamos ter aproveitado melhor e o tempo que perdemos com pequenos nadas.
Mostra-nos que não é preciso estar sempre em cima [ainda que por terem tanto espaço e liberdade façam imensas asneiras;)] Que tudo se resolve. Que há situações incontroláveis. Que vão cair e nós não vamos estar sempre lá. Que a educação tem de ser repartida e que, nesse vazio, eles aprendem também.
 E que, às vezes, devemos ficar quietinhos a observar e só intervir quando é mesmo necessário. Que o conjunto de regras e de regalias concedidos é feito agora por uma quantidade de gente. Que não há ninguém como os pais, mas que os irmãos, os avós, os tios, os amigos, os vizinhos, são tão importantes na infância e na educação de uma criança.
Que se podem sujar e ser limpos mais tarde, quando acabarem o dia exaustos de tanta brincadeira. Que se não tomarem banho um dia ninguém morre. Que os castigos podem ser substituídos. Que as asneiras têm até alguma graça. Que o tempo passa tão rápido que ser pai tem de ter outras funções, sem ser ralhar o tempo todo. 
O terceiro filho faz-nos perceber que podemos ser pais melhores, com muito mais trabalho, mas sem mais stress. Que o esforço para dominarmos tudo pode descansar para dar mais espaço para apenas sermos, para apenas estarmos, para apenas vermos.
Não posso falar de um quarto porque o meu marido não me deixa;) mas o que me ensina um filho novo é que posso ser cada vez melhor mãe. Se não tentar controlar. E se viver mais como eles. Sem pressas e sem tempo.
[Fotos da nossa Páscoa em Évora. Atentos à piscina.;)]

5 thoughts on “A terceira filha.

  • Este espaço é inspirador. 🙂
    Estou grávida do terceiro filho (um rapaz) e tenho uma menina de 4 anos e outra de 21 meses e vir aqui é um bálsamo para a alma.

    Quando descobrimos esta gravidez (uma surpresa enorme) numa altura em que tinhamos tudo programado para duas filhas descobrimos também que o amor pelos nossos filhos só se multiplica em mais amor e é sempre isso que prevalece.

    Tudo o que sentimos com esta gravidez não planeada foi uma alegria imensa, uma alegria tão grande que ainda me surpreende.
    😀

    Os filhos têm mesmo o dom de nos mostrar que a vida pode ser maravilhosa e simples.

    • Vai ficar exausta;) mas tão mais feliz. E aproveite mesmo tudo porque não tarda nada a sua mais velha tem 9 anos e já rasgos de adolescente… Um beijinho enorme e obrigada pelas palavras queridas! Vá dando notícias;)

  • Olá Rita.
    Faço diariamente o exercício de me acalmar, deixar passar, chamar menos a atenção. Mas os filhos, na rotina do dia a dia, apanham-nos nos piores momentos! A pressa de manhã para ir deixá-los à escola e ainda assim chegar a horas ao emprego, e a exaustão do fim do dia, quando qualquer gota de água espoleta uma tempestade!
    Muitas vezes sinto que sou injusta com os meus filhos, porque me zango com coisas que podia deixar passar, mas também sou injusta comigo própria porque quando isso acontece sinto-me muito culpada e injusta!
    Eles são apenas crianças, e não têm culpa pelo facto da mãe chegar ao fim do dia completamente exausta!
    O equilíbrio não é nada fácil. Não tenho dúvidas que a maternidade é o maior desafio que uma mulher pode enfrentar.
    Obrigada pelas suas palavras sempre tão inspiradoras Rita. E um beijinho grande!
    MB

  • Tudo verdade sobre o terceiro filho… Quando chega o quarto filho, percebemos como quase tudo o que fizemos com os outros três não se aplica e vivemos um dia de cada vez…�� CG

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *